É mais uma esperança para quem sofre de infertilidade: uma equipa de cientistas britânicos que investigam células estaminais embrionárias concluiu que dentro de dez anos será possível usar este tipo de células na produção de células estaminais germinais – células que estão na origem da produção de espermatozóides e óvulos. A notícia foi avançada hoje pelo jornal “Times”.

As células estaminais são células com capacidade de se transformarem em qualquer tipo de tecido humano e estão, neste momento, a ser estudadas como forma de tratamento de doenças que hoje são incuráveis.

A produção dos óvulos e espermatozóides artificiais é muito simples. Através das células estaminais recolhidas em embriões, são produzidas células estaminais germinais que serão implantadas nos testículos do homem ou nos ovários da mulher.

Uma vez implantados, estas células estaminais germinais têm o ambiente e as condições hormonais ideais para se desenvolverem até se tornarem espermatozóides e óvulos prontos a utilizar. Este processo requer um tratamento de clonagem terapêutico de forma a que as células estaminais implantadas tenham as características genéticas do portador.

Segundo Harry Moore, em declarações ao “Times”, ainda é cedo para que este processo seja colocado em prática. “Estamos ainda a dez anos de distância de se conseguir uma técnica clínica para pôr este processo em prática. Ainda há muito trabalho a fazer, além de que temos de provar que esta técnica não apresenta qualquer risco”, explica.

Esta técnica traz possibilidades nunca antes imaginadas. Teoricamente, um homem pode vir a ter um filho recorrendo a um óvulo artificial e a fertilidade da mulher deixa de ficar barrada pela menopausa.

A investigação com recurso a células estaminais continua envolta em polémica, pois a sua produção implica a criação e posterior destruição de embriões. Nos Estados Unidos, por exemplo, o presidente George W. Bush proibiu, em Agosto de 2001, o financiamento público de projectos de investigação que recorressem a células estaminais provenientes de embriões destruidos.

Segundo o presidente norte-americano, são “vidas humanas” que estão em jogo.

Hugo Manuel Correia
Foto: ACHÉ