Apesar da polémica e das medidas restritivas de alguns países, é cada vez maior o número de patentes registadas de novas descobertas no campo das células estaminais por faculdades e empresas do ramo farmacêutico.

A conclusão é apresentada por um relatório realizado por um gabinete londrino de advogados especializados em patentes “Marks & Clerk” e que será apresentado hoje numa conferência sobre biotecnologia em Filadélfia, nos Estados Unidos da América.

Segundo dados do relatório adiantados hoje pelo jornal “Finantial Times”, durante os últimos cinco anos foram registadas mais de 3.000 patentes ligadas à investigação de células estaminais, 25% das quais relacionadas com técnicas de produção de células estaminais embrionárias – células que têm a capacidade de se tornar em qualquer tipo de tecido humano, sendo úteis no tratamento de doenças para as quais ainda não há cura, como a diabetes.

O ritmo de registo de patentes duplicou nos últimos cinco anos, mas não é geograficamente homogéneo. Os países onde a legislação não impôs barreiras à investigação deste tipo de células são os que mais registos de patentes apresentaram ao longo dos últimos cinco anos.

No Reino Unido, país mais liberal face a estas questões, 40% das patentes registadas estavam ligadas ao estudo de células estaminais embrionárias, enquanto nos Estados Unidos, estes registos representavam apenas 15% do total.

Aposta da indústria farmacêutica

Mas não é só o mundo académico que está interessado neste filão de investigação. As grandes multinacionais da indústria farmacêutica tambêm têm investido nesta área. Empresas como a Bayer, a Novo Nordisk, a Johnson & Johnson, a Pfizer e a Roche registaram, cada uma, entre 30 a 40 famílias de patentes.

Claire Irvine, co-autora do relatório, afirmou ao “Financial Times” que as “companhias de biotecnologia não se deixaram intimidar pela actual hostilidade às investigações neste sector” e acreditam que há medida que os países descubram os benefícios destas investigações para o avanço da ciência, acabarão por ceder do ponto de vista legal.

Hugo Manuel Correia
Foto: ACHÉ