O número total de mortos nunca será abaixo dos 50, disse hoje à BBC o chefe da polícia, Ian Blair. Disse também que há ainda muitos corpos no metro em Russell Square, mas que os números finais não devem ultrapassam os 100 mortos.

Está a decorrer uma grande investigação para encontrar os responsáveis pelos atentados.

No balanço de ontem da Scotland Yard, dizia-se que os atentados tinham feito pelo menos 37 vítimas mortais e 700 feridos, informou a Scotland Yard ao final da tarde de quinta-feira, no primeiro balanço provisório. 45 feridos estão em estado grave.

Um atentado num autocarro de dois pisos em Woburn Square, perto de Russell Square, na parte norte de Londres, fez outras duas vítimas mortais.

Os ataques foram reivindicados pela organização Al-Qaeda/Jihad na Europa, um grupo islâmico até agora desconhecido, através de um comunicado divulgado na Internet, numa página cuja autenticidade não foi confirmada.

“Alegrem-se porque é tempo de vingança contra o Governo inglês, parte da cruzada zionista, em retaliação dos massacres que a Grã-Bretanha está a cometer no Iraque e no Afeganistão. Os corajosos mujaidines (combatentes) lançaram-se na louvável conquista de Londres. E eis a Grã-Bretanha a tremer de medo, de terror e de horror, de norte a sul e de leste a oeste”, lê-se no texto, divulgado pela BBC.

O grupo ameaça atacar outros países europeus que não retirem as respectivas tropas do Iraque e do Afeganistão, citando, nomeadamente, a Itália e a Dinamarca.

“Fiéis ao modo de vida britânico”

Numa declaração emitida a partir da residência oficial de Downing Street, Tony Blair, que voltou a Londres depois de ter liderado os trabalhos da cimeira do G8 na vila escocesa de Gleneagles, afirmou que os autores dos atentados bombistas “agiram em nome do Islão” e responderão perante a justiça.

“Sabemos que essas pessoas agem em nome do Islão, mas sabemos também que a imensa maioria dos muçulmanos aqui e no estrangeiro são pessoas decentes, respeitadoras da lei, que abominam tanto como nós aqueles que cometem actos destes”, disse.

“É um dia muito triste para o povo britânico, mas manter-nos-emos fiéis ao modo de vida britânico”, observou.

Os atentados ocorreram um dia depois do anúncio da escolha de Londres para a realização dos Jogos Olímpicos de 2012 e no dia do início em Gleneagles, na Escócia, da cimeira do G8 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido – e Rússia).

Todas as celebrações previstas no Reino Unido para comemorar a obtenção dos Jogos Olímpicos de 2012 foram suspensas. Os estabelecimentos comerciais fecharam mais cedo e as bandeiras nacionais estão a meia haste.

Mensagens de todo o mundo

O Conselho de Segurança das Nações Unidas adoptou uma resolução onde afirma que “qualquer acto de terrorismo” é “uma ameaça à paz e à segurança”.

Também o governo espanhol do socialista José Luis Rodríguez Zapatero expressou “a mais absoluta condenação” dos ataques e a sua “total disponibilidade e ajuda para tudo aquilo de que [os britânicos] possam precisar”.

O G8 redigiu uma declaração conjunta com os cinco países convidados a participar na cimeira (China, Índia, Brasil, México e África do Sul), em que classificou como “bárbaros” os atentados de hoje, considerando-os “ataques a todas as nações e ao mundo civilizado”.

A “guerra contra o terrorismo continua”, declarou o presidente norte-americano, George W. Bush, em Gleneagles.

“A União Europeia estará ao lado do povo britânico contra o terrorismo e pela liberdade e democracia”, afirmou, por sua vez, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

Pedro Rios
c/ Lusa
Foto: Alexander Chadwick