O Presidente da República defendeu quarta-feira uma “meditação séria” a partir de Setembro sobre a reestruturação florestal, o ordenamento do território e equaciou, a título pessoal, a possilidade de os proprietários de terrenos florestais serem obrigados a limpá-los, “tal como acontece com os prédios nos aglomerados urbanos”.

No Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), onde foi informado sobre a situação dos incêndios no país, Jorge Sampaio defendeu a necessidade de “ir à raíz” do problema.

Jorge Sampaio já se dirigira ao país no passado domingo, no mesmo local. Esta tarde, esteve também no SNBPC o ministro da Administração Interna, António Costa.

Sampaio sublinhou o facto de 90% da floresta ser privada, havendo “uma enorme percentagem que não é limpa”. Por isso, defendeu que “está a chegar o momento de equacionar” a limpeza coerciva das florestas pelos proprietários, tal como acontece com os prédios nas cidades.

O Chefe de Estado referiu ainda que existe um “problema de ordenamento sério”, que exige um debate nacional.

”Temos que saber que floresta queremos, de que maneira queremos organizar esse recurso fundamental (…). A reestruturação da floresta portuguesa está na ordem do dia e a partir de Setembro todas as energias têm que ser votadas para este debate. (…). Está a chegar o momento em que não podemos adiar mais isto”, afirmou.

Sampaio agradeceu aos pilotos que combatem os fogos, pediu a compreensão das populações para o facto de nem sempre ser possível recorrer aos meios áreos no combate aos incêndios e salientou a presença no continente de bombeiros das regiões autónomas.

O Presidente fez ainda dois apelos: aos autarcas e aos organismos do Estado para que “ajudem” à “mobilização” dos bombeiros perante “uma situação climatérica única” e à comunicação social para que “encontre uma forma de cooperação activa”, nomeadamente, “explicando alguns dos mecanismos”, que “limpezas se podem e devem fazer” ou que “solidariedades podem ser fomentadas ao nível local”.

O director da Autoridade Nacional para os Incêndios Florestais (ANIF), Ferreira do Amaral, admitiu terça-feira que a área ardida este ano poderá ter chegado aos 180 mil hectares.

Pedro Rios
Foto: Stock Xchange