A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) apresentou terça-feira um estudo em que conclui que os preços dos livros escolares praticamente não aumentou nos últimos dois anos.

Neste documento, a APEL diz que entre 2003 e 2005 os manuais escolares tiveram subidas sempre inferiores à inflação, contrariando as queixas recentes das associações de pais. A associação afirma que a excepção ocorreu este ano com os novos manuais, que sofreram aumentos na ordem dos 0,5%.

A APEL alerta para o risco do mercado do livro escolar vir a ser controlado por grupos estrangeiros, o que poderá levar ao desemprego de milhares de profissionais portugueses.

O presidente da Comissão do Livro Escolar da APEL, Vasco Teixeira, afirmou, na conferência de imprensa de apresentação do estudo, que a espanhola Santillana (grupo Prisa) e a inglesa Person Education (que integra o maior grupo editorial do mundo) estão a desenvolver negociações para a aquisição de editoras portuguesas.

Segundo a associação, o controlo do mercado nacional por grupos estrangeiros poderá vir a ser uma realidade a curto prazo que terá um impacto negativo no sector da educação.

Vasco Teixeira afirmou que esse cenário pode levar ao desemprego milhares de profissionais qualificados, afectando sectores como o gráfico e o papeleiro, que serão fortemente atingidos com a eventual quebra das editoras portuguesas.

O presidente da Comissão do Livro Escolar da APEL explicou que os manuais escolares e outros materiais educativos, que devem ser adequados às características sócio-culturais e linguísticas de Portugal, serão concebidos e produzidos em Espanha ou Inglaterra. Como consequência desta transferência da produção, os professores e alunos vão passar a trabalhar com meras adaptações e traduções de originais usados naqueles países.

Em Portugal, o mercado da edição escolar representa cerca de 56 milhões de euros, segundo estimativas de 2004.

David Pinto
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