Há pelo menos uma portuguesa morta entre as 513 vítimas confirmadas do furacão “Katrina” que se abateu sobre o estado do Louisiana há duas semanas.
Segundo contou a sua filha à rádio TSF, Ivete Pereira, de 53 anos e natural de Leiria, morreu na sequência do “Katrina” que assolou a cidade de Nova Orleães, onde vivia.
Ivete Pereira não resistiu a uma fuga de gás no sótão de sua casa, onde esteve presa durante três dias após a passagem do furacão.
A portuguesa, que vivia nos Estados Unidos há 40 anos, faleceu pouco antes das equipas de salvamento chegarem ao local.
Em declarações à TSF, a filha Vanessa Pereira explicou que tentou durante três dias que os serviços de socorro fossem salvar a sua mãe, numa altura em que a altura das águas tinha já subido 2,5 metros.
“Ela entrou em contacto comigo através do telemóvel e disse-me que estava presa no sótão com a minha irmã mais nova. Pediu-me para entrar em contacto com alguém que pudesse ajudar”, afirmou a luso-descendente.
O pedido de ajuda foi feito numa segunda-feira, mas a equipa de socorro só chegou numa quinta-feira. “Se tivessem chegado uma hora mais cedo, a minha mãe estaria comigo agora, mas não está”, acusa Vanessa Pereira, que não entende a lentidão das equipas de salvamento e por que razão as autoridades abandonaram a cidade perante a tragédia provocada pelo Katrina.
“A situação foi tratada como se não fossemos pessoas, mas sim animais de rua”, disse.
MNE solidário
Sem casa, sem emprego e com a irmã de 11 anos ao seu encargo, Vanessa Pereira está em Houston, no Estado do Texas, onde foi recolhida pela família do seu marido.
O porta-voz do Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), Carneiro Jacinto, disse à agência Lusa que o ministério vai desenvolver esforços para tentar entrar em contacto com a família de Ivete Pereira nos EUA. Sublinhou também que o Governo está disposto a ajudar a família da vítima se o auxílio for solicitado.
De acordo com o porta-voz do MNE, nem a vítima nem a sua família constam dos registos consulares portugueses nos EUA ou entraram em contacto com as autoridades portuguesas.
“Até hoje, nenhum português telefonou para a Embaixada de Portugal em Washington, para as representações diplomáticas nos Estados Unidos ou para o MNE” por causa do furacão “Katrina”, garantiu à Lusa.