A sala 2 da Casa da Música foi, na noite de sábado, transformada num imenso salão de festa. A música criada pelos Fanfare Ciocarlia era de tal modo dançante e contagiante que quem esteve no concerto não podia deixar de se juntar à festa. O concerto da banda romena foi uma forma perfeita de celebrar o Dia Mundial da Música.

O concerto abriu com o tema dos filmes de James Bond, adaptado à música dos romenos, ao que se seguiu uma hora e meia de música tradicional cigana. A sala cheia deveu muito à popularidade que este tipo de música atingiu através da divulgação nos filmes do realizador bósnio Emir Kusturica.

A música que os Fanfare Ciocarlia tocam não se fica pelas semelhanças com as das bandas sonoras de Goran Bregovic (o compositor de bandas sonoras de Kusturica). Há mesmo músicas tradicionais que fazem parte do reportório de ambos os artistas, como “Mesecina” ou “Bubamara”.

O público respondeu muito bem à energia criada pela banda romena. Havia uma mistura de jovens, na sua maioria “freaks”, com pessoas de idades que iam até aos cinquentas e muitos.

Ao princípio notava-se a confusão na cara dos membros mais velhos da audiência, ao verem o resto do público a dançar freneticamente. Mais tarde, haviam de começar a dançar também e geraram-se situações memoráveis de confraternização, como, por exemplo, um pai a dançar com o filho adolescente, e ambos juntarem-se a um grupo de espanhóis que estava a seu lado.

Os Fanfare Ciocarlia, alguns já de copo de vinho na mão (ou garrafa de plástico com vinho), voltaram ao palco duas vezes, após grande insistência do público, que teimava em não arredar pé da sala enquanto os músicos não regressassem.

Apesar de não saberem dizer nada além de “obrigado” em português, o público respondia efusivamente sempre que qualquer um dos onze membros da banda falava.

Numa noite muito agradável e bem disposta, o único ponto baixo foi protagonizado pela segurança. Uma espectadora que na primeira música tinha subido ao palco para dançar, acto que a banda até agradeceu, foi expulsa do concerto. Quando confrontados com o porquê de estarem a retirá-la da sala à força, um segurança fez sinal a indicar que a pessoa era “maluca”.

Tiago Dias
Foto: Gina Macedo