Estudantes foram unânimes nas críticas ao Governo, mas adiaram decisões sobre eventuais protestos para dia 15, em Coimbra.

Unânimes nas críticas à política educativa seguida pelo Governo, mas sem uma estratégia de protesto já definida. Eis o retrato do que se passou no Encontro Nacional de Dirigentes Associativos (ENDA), que se realizou na Universidade de Aveiro, de sexta-feira a domingo.

“Não foi muito produtivo”, reconhece a presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro, Rosa Nogueira. A dirigente académica refere que houve “poucas moções” e “muito pouca discussão”.

Os estudantes reclamam a revogação da actual lei de financiamento, que transferiu para as instituições de ensino superior o poder de fixar a propina. 60% das universidades públicas adoptaram este ano a propina máxima (cerca de 900 euros). Os alunos afirmam-se também contra a política de sub-financiamento das instituições de ensino superior e contra a redução das verbas para a Acção Social Escolar.

Do encontro saiu a proposta da Associação Académica de Coimbra (AAC) de uma “reunião de trabalho” no dia 15 deste mês, em Coimbra, para que até lá as várias associações académicas possam decidir com os estudantes, só há pouco tempo regressados de férias, o que fazer.

Dessa reunião deve sair o “livro negro do ensino superior”, com contribuições das várias associações presentes, uma “campanha de informação e sensiblização” sobre as bandeiras dos estudantes e eventuais “acções de luta conjuntas” para o mês de Novembro, explica ao JPN o presidente da AAC, Fernando Gonçalves.

Apesar do protesto recente no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) e da unanimidade em torno das bandeiras de luta, ainda não é certo que numa luta de cariz nacional.

Para a AAC, “a partir deste momento” os estudantes deviam passar para “uma fase de acção” e não apenas de sensibilização. “Aquele protesto pode ter sido o despertar da consciência dos estudantes”, diz Fernando Gonçalves.

FAP diz que estudantes estão “adormecidos”

O presidente da Federação Académica do Porto considera que é “pena que o protesto do ISEP tenha sido uma “acção isolada”. Pedro Esteves diz mesmo que os estudantes do Porto e do país estão “adormecidos” por não partirem para a luta à semelhança da Associação de Estudantes do ISEP. “Muitas associações estão mais preocupadas com as suas acções de recepção ao caloiro”, ironiza.

“A luta devia ser discutida em ENDA como órgão representativa dos estudantes a nível nacional”, diz Pedro Esteves, referindo-se à futura reunião em Coimbra. Contudo, a direcção da FAP estará presente na reunião porque diz que participa em todos os “fóruns de discussão”.

Na próxima semana, os alunos do ensino superior do Porto vão reunir-se em Assembleia Geral, para decidir se vão protestar e em que moldes. “Poderão haver lutas descentralizadas”, adianta o presidente da FAP.

Pedro Rios
Foto: Arquivo JPN