Com resultados por apurar em 19 concelhos (às 11h40 de segunda-feira), o PSD é, sem dúvida, o vencedor da noite de eleições autárquicas. Com vitórias já apuradas em 128 das 308 autarquias, os sociais-democratas mantêm a liderança da Associação Nacional de Municípios.

O PS tem, até ao momento, 102 câmaras. A CDU já vai nas 32, o que significa um ligeiro aumento. O Bloco de Esquerda mantém Salvaterra de Magos. E o CDS-PP ainda só contabiliza uma, em Ponte de Lima.

O especialista em Sociologia Política e professor no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) André Freire afirmou ao JPN que estes resultados “reforçam a liderança de Marques Mendes e representam um recuo do PS a nível autárquico”.

Os socialistas, segundo o coordenador autárquico Jorge Coelho, tiveram um saldo negativo de três autarquias, controlando agora um total de 110.

Apesar da derrota do PS, André Freire apresenta uma perspectiva em que os socialistas “podem vir a capitalizar nestes resultados”. Segundo o professor, “a ideia de que é preciso um Presidente [da República] de outra cor política, quando o panorama autárquico está tão desnivelado” torna-se obsoleta.

“O Governo não estava em causa”, diz André Freire. “Se fossem eleições legislativas os resultados seriam diferentes, porque outras considerações das pessoas seriam postas em causa”, frisa o politólogo. O professor do ISCTE conclui que nestas eleições “há outros efeitos locais” que devem ser tomados em conta.

Os candidatos independentes

Em relação aos candidatos da “polémica”, em Oeiras, Felgueiras, Gondomar, André Freire explica que só através de estudos específicos em cada uma das cidades se poderia perceber o porquê de a população ter votado neles.

“Tem a ver com a popularidade dos candidatos e da sua rede de apoios”, refere. E acrescenta ainda que “a existência de uma suspeita, que não é uma condenação, não pesou nas considerações das pessoas”.

O especialista em Sociologia Política relembra ainda a candidata independente Fátima Felgueiras, que foi eleita num contexto sócio-económico mais baixo do que em Oeiras, onde Isaltino Morais também conquistou a Câmara. Ou seja, apesar das diferenças sócio-económicas, ambas as populações votaram nos candidatos independentes, ambos sob suspeita de crimes.

Tiago Dias
Foto: Getty Images