As primeiras estimativas fornecidas pela Comissão Eleitoral Iraquiana independente dão conta de uma participação no referendo à Constituição de mais de 61% – 15,5 dos 27 milhões de habitantes.

Segundo a comissão, a participação no escrutínio de ontem, sábado, foi especialmente satisfatória nas zonas curdas do Norte e xiita do sul do país. Os resultados do referendo deverão ser anunciados dentro de três dias no máximo, afirmou Adel Lamy, da Comissão, citado pela AFP.

A minoria sunita, parte dela defensora do “não” à Constituição, teve uma participação considerada surpreendente, o que pode alterar um pouco a previsão da vitória do “sim”. Mesmo assim os observadores prevêem a aprovação do referendo.

O documento confina os sunitas, dominantes durante o regime de Saddam Hussein, a um território no centro do Iraque e contempla autonomias para o norte curdo (20% da população) e para o sul xiita (60%).

Apesar do dia ter ficado marcado por sabotagens e intimidações, pelo sequestro de uma dezena de membros da comissão eleitoral e por ataques saldados em seis mortos, a votação foi globalmente calma, ao contrário das eleições de Janeiro que foram manchadas pela violência.

As Nações Unidas contabilizaram 17 incidentes durante as dez horas de votação, entre eles a ausência de nomes das listas eleitorais ou pressões para os eleitores votarem “não”.

A Comissão Eleitoral Iraquiana independente anunciou que dez dos seus funcionários responsáveis por duas mesas de voto na província sunita de An-Anbar foram sequestrados.

ONU e EUA satisfeitos

As Nações Unidas (ONU) saudaram a forma como decorreu o referendo. Em comunicado do gabinete do secretário-geral Kofi Annan, a ONU considera que o escrutínio é “uma oportunidade importante para os iraquianos exprimirem as suas opiniões políticas”.

“Qualquer que seja o resultado, o secretário-geral considera que o referendo oferece uma oportunidade a todos os iraquianos de se afastarem da violência e se unirem num espírito de reconciliação nacional para conseguir um Iraque democrático, unido e próspero”, prossegue a mesma nota da ONU.

“A Constituição é um sinal de civilização”, afirmou o primeiro-ministro iraquiano Ibrahim al-Jaafari depois de votar. “Esta Constituição acontece depois de grandes sacríficios. É um novo nascimento”.

O presidente norte-americano George W. Bush disse que o referendo foi um “passo importante na caminhada do Iraque rumo à democracia”.

Washington espera que a Constituição seja aprovada para que possa ser formado um governo iraquiano permanente e para que as 150 mil tropas norte-americanas possam deixar o país.

Pedro Rios
c/ agências