“Com a escala e meios com que trabalhamos, acho que já produzimos com bastante qualidade. Sobretudo para os meios logísticos que temos”. Os recursos humanos são limitados: neste momento, a Bor Land (editora independente que comemora em Outubro o quinto aniversário) tem duas pessoas a trabalhar em permanência: Rodrigo Cardoso e Inês Lamares, formada em produção e Tecnologias da Música.

“Não podemos produzir mais porque não há tempo”, justifica Rodrigo Cardoso, fundador da editora. “O lançamento de uma banda pode demorar um ano. O CD do Carlos Bica [“Single”], por exemplo, demorou um ano a produzir”.

“Há pouco interesse”

As edições com a chancela Bor Land costumam ter cerca de mil exemplares e cada CD é posto à venda por 10 euros. O fresquíssimo “Single” de Carlos Bica, por exemplo, teve uma tiragem de 1.500 exemplares. “Se tiver mais meios para produzir mais e melhor, produzo”, afirma Rodrigo Cardoso.

No meio da conversa, não resiste a lançar algumas algumas “farpas”. As críticas não escondem mágoa, mas traçam um diagnóstico do panorama musical português nada abonatório. Rodrigo critica o “desinteresse colectivo que existe por coisas novas. As pessoas não querem procurar”. “O que me choca mais é o desinteresse”, insiste. “Há muita gente interessada, mas são poucas. As que procuram ainda são menos”.

“Porque é que as edições não são ibéricas?”

A partir do início do próximo ano, a “promoção internacional e a aposta no mercado europeu” são os grandes objectivos. O primeiro “ataque” da Bor Land será em Espanha.

Rodrigo não entende porque é que um disco não é logo editado para os mercados português e espanhol. “Porque é que as edições não são Ibéricas?”, questiona. Mas há mais frentes de batalha: “O mercado europeu é o central e o americano também é muito forte”.

“Estamos a tentar passar para o mercado espanhol. Cá sentimos-nos reduzidos e nem é por questões de apoio. Aqui, já consolidamos o trabalho. Agora queremos chegar a mais gente, ter uma distribuidora internacional”, diz.

Por isso, a grande aposta será na divulgação do trabalho da editora no exterior. No “quartel-general” da Bor Land, um segundo andar de um prédio em plena Baixa do Porto, existe uma espécie de dispensa cheia de envelopes prontos a enviar para promotoras, distribuidoras e órgãos de comunicação social estrangeiros. Para essa “operação”, Rodrigo estima um investimento de cerca de 1.000 euros.

Mais novidades para 2006

Há ainda dois projectos editoriais novos para o início de 2006 – os regressados The Astonishing Urbana Fall e Most People Have Been Trained to Be Bored –, duas novidades que a Bor Land adianta na compilação comemorativa dos cinco anos da editora, “Can take you anywhere you want”.

Os objectivos traçados há cinco anos não foram apenas cumpridos: Rodrigo levou-os mais além, e a meta de 20 discos editados em cinco anos foi ultrapassada. É o balanço – mais do que positivo – que Rodrigo Cardoso faz dos primeiros anos de vida da Bor Land. E di-lo com o brilho nos olhos de quem vê um sonho concretizado.

Texto e fotos: Ana Correia Costa