Duas edições e 23 concertos são os presentes da Bor Land para os que se “interessam e procuram” música. “Single” do contrabaixista Carlos Bica acabou de ser lançado, e a compilação “Can take you anywhere you want” está disponível em CD duplo e “download” gratuito no “site” da editora.

“É um elo entre o festejo e as novas tecnologias”, concretiza Rodrigo Cardoso, o “miúdo” que idealizou a Bor Land. Com artistas da casa (Alla Polacca, Old Jerusalem ou Complicado, entre outros) e bandas de fora, “a compilação situa-se entre o passado e o futuro”, define Rodrigo.

Na Bor Land tudo é possível: “Não temos uma fórmula, estamos abertos a novas estéticas. Não somos uma editora temática, e temos por base a questão da música (ou das músicas)”, esclarece o fundador da editora.

“Tento mostrar às outras pessoas as bandas de que gosto”. É assim que Rodrigo Cardoso resume o trabalho que vem desenvolvendo há cinco anos.

Uma boa dose de entusiasmo

Rodrigo CardosoSe é verdade que a imaginação é capaz de nos levar a qualquer lado, também não parece menos possível que uma dedicação desmedida possa fazê-lo. Estão aí Rodrigo Cardoso e a sua Bor Land para mostrar isso mesmo.

Rodrigo é apaixonado pelo que faz. Nunca o disse, durante a conversa com o JPN – nem era preciso. O entusiasmo com que fala da sua editora, uma “menina” que festeja em Outubro o seu quinto aniversário, está-lhe desenhado no olhar, no sorriso, nos gestos.

O bichinho da música habita-lhe o espírito desde os 16 ou 17 anos. Rende-se à alternativa e à electrónica, e a guitarra é o instrumento de eleição. Toca nos Alla Polacca, uma das bandas da Bor Land.

Aos 18 anos, a ideia de montar uma editora começa a ganhar forma. Tornou-se consistente a partir do momento em que decide fazer disso o seu modo de vida. “Comecei a vidrar-me nas editoras, a interessar-me de forma objectiva”, confessa. “Estive um ano e meio para me informar de tudo. Não sabia o que era um contrato, direitos de autor… Não sabia nada. Era um consumidor desinformado”, recorda.

O primeiro disco editado pela Bor Land surge em 2000. Rodrigo tinha, então, 21 anos e um objectivo: editar 20 discos nos próximos cinco anos. O primeiro trabalho da Bor Land é uma compilação feita com trabalhos de músicos que foram contactando a editora. O financiamento seria conseguido às próprias custas, embora os primeiros discos sejam co-editados. “Apoios objectivos tenho sido sempre eu”, esclarece Rodrigo.

Actualmente, divide o tempo entre a Bor Land e o curso de Produção e Tecnologias da Música, na Escola Superior de Música e Artes do Espectaculo (ESMAE), no Porto. Corre entre as aulas e a editora, que é também a sua casa – é um segundo andar, em plena Baixa do Porto.

Na sala, as atenções voltam-se para um Macintosh – provavelmente, o grande guardião de uma parte da história da editora. Aliás, Rodrigo não esquece as horas intermináveis à frente do computador a tentar descobrir os programas de edição de imagem – houve alturas em que ele próprio desenhou as capas dos discos que editava…

Texto e fotos: Ana Correia Costa