A co-incineração voltou hoje, quarta-feira, a ser criticada por vários sectores da sociedade desde autarcas a ambientalistas. Francisco Ferreira da Quercus, em declarações ao JPN, afirmou não compreender o porquê de José Sócrates ter anunciado “para breve” o começo da co-incineração.

O primeiro-ministro afirmou ontem que a co-incineração de resíduos industriais perigosos vai avançar em breve. O Governo aguarda, apenas, a chegada dos pareceres da Comissão Científica Independente que vão “actualizar” as informações que já existiam em 2002 e que se referem aos mesmo locais anteriormente previstos: Outão em Setúbal e Souselas em Coimbra.

Francisco Ferreira salienta que “há duas posições contraditórias” no anúncio do Governo. O membro da Quercus refere que o ministro do Ambiente afirmou em público e à Quercus que a co-incineração não seria posta em andamento enquanto não estivessem prontos os centros que fazem a preparação dos materiais, para só depois serem co-incinerados.

O ambientalista frisa que a Quercus não é contra a co-incineração de resíduos industriais perigosos, mas sim contra a destruição de materiais que ainda possam vir a ser reaproveitados ou reciclados.

Francisco Ferreira relembra que a Secil do Outão, entidade que acompanhou a realização dos testes de co-incineração de resíduos banais (não perigosos) de 29 de Junho a 15 de Julho, que tem uma Comissão de Acompanhamento Ambiental da qual a Quercus faz parte, já não prevê a instalação de uma co-incineradora na sua cimenteira.

Autarcas alinham nas críticas

Citado pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Coimbra, Carlos Encarnação, afirmou que o objectivo deste anúncio é “distrair” os portugueses dos problemas levantados pelo Orçamento de Estado para 2006 através de uma “questão lateral”.

Por seu lado, o autarca de Setúbal, Carlos Sousa, esclareceu à Lusa que só agora é que se percebe porque foi retirada do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida a alínea que proibia a co-incineração. O presidente, eleito pela CDU, considera que o projecto prejudica o desenvolvimento da região.

Tiago Dias
Foto: Getty Images