“Há pouca coesão entre as associações académicas do país”, observa o presidente da Associação Académica de Lisboa, Ricardo Acto.

A AAL, tal como as associações do Porto, Coimbra, Minho e Aveiro, não vai participar na manifestação do próximo dia 9, convocada pela Associação Académica de Coimbra (AAC).

O presidente da AAL acusa a AAC de ter apresentado a manifestação como um facto consumado e de esta não ter sido acordada entre as várias associações.

“A AAC quis controlar a agenda, como se todo o movimento associativo fosse atrás”, aponta.

Ricardo Acto esclarece que “já se levantaram muitas vozes contra a manifestação decidida em Coimbra por ela ter sido tomada por um pequeno número de pessoas”, e refere que a decisão “não foi aceite pelo restante movimento associativo na sua maioria”.

A AAL defende a necessidade de uma aliança do movimento: “só se deve avançar quando houver união”, aponta o dirigente. E argumenta: “Se há um grupo de movimento associativo que vai para a rua manifestar-se e outros que dizem que é desnecessário, o Governo sente-se no direito de nem sequer responder”.

Ricardo Acto acredita que só vão estar presentes cerca de 3 mil estudantes, muito pouco num universo de 300 mil. “A maior parte dos alunos, dirigentes e a própria comunicação social não faz ideia do que está a acontecer em ensino superior em Portugal”, sustenta.

AAL defende criação de federação nacional

Neste momento, “há desunião entre as associações académicas do país. Todas defendem o mesmo, não percebo por que não podem unir-se”, diz Ricardo Acto.

O presidente da AAL defende a criação de uma federação nacional de associações académicas para o ensino superior público, tal como já acontece no resto da Europa. “Tinha mais força”, justifica. “Neste momento, não há ninguém a representar os estudantes a nível nacional”, alerta.

A presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro, Rosa Nogueira, defende que não existe “desunião”. “De maneira nenhuma”, sublinha. Há apenas “diferentes estratégias”, sustenta.

Minho: manifestação é “tiro no pé”

“A Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) não convocaria uma manifestação onde participariam poucas pessoas”, afirma o presidente Roque Teixeira. “Seria um tiro nos pés”, acrescenta.

“Estamos todos de acordo no que queremos para o ensino superior. Não queremos de modo algum dar um voto de confiança ao Governo”, sublinha. Mas acusa: “uns fazem manifestações, outros procuram chegar às pessoas e fazer medidas concretas de sensibilização”.

Coimbra defende protesto nas ruas

Contactado pelo JPN, o presidente da AAC afirma que respeita as diferentes formas de luta utilizadas por cada associação, mas reafirma que os estudantes de Coimbra tinham bons motivos para convocar uma manifestação.

“Fazia sentido assumirmos posições na rua”, diz Fernando Gonçalves. “Há razões. Faz ou não sentido os estudantes irem para a rua? A AAC considera que a importância [da manifestação] não se vê nos números”.

“O movimento associativo tem as mesmas aspirações”, defende o estudante de Coimbra. “Todos somos consensuais em dizer que o ensino superior nunca esteve em situação tão grave”.

Ana Correia Costa
Pedro Rios
Foto: Getty Images