A manifestação dos estudantes do ensino superior, anunciada no passado dia 15 em reunião nacional de dirigentes académicos pelo presidente da Associação Académica de Coimbra, não vai contar com a presença de algumas das principais associações académicas.

Os dirigentes académicos do Porto, Lisboa, Minho e Aveiro confirmaram ao JPN que não vão participar naquela acção de protesto contra a política educativa do Governo, marcada para o próximo dia 9 em Lisboa.

O presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Pedro Esteves, invoca duas razões: “Não é o momento oportuno [para fazer uma manifestação]. Temos que saber o que queremos de uma manifestação. Não vamos para a rua por ir”.

Por outro lado, Esteves lembra que “não é possível marcar uma manifestação nacional ultrapassando toda a forma como o movimento associativo está organizado”. “Não concordamos com a forma como foi marcada a manifestação de Coimbra”, adianta o dirigente académico, que acrescenta que “não é uma manifestação nacional porque não foi aprovada em Encontro Nacional de Dirigentes Académicos (ENDA)”.

A presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro, Rosa Nogueira, partilha a mesma opinião, mas esclarece que não se trata, como na altura foi avançado pela comunicação social, de uma manifestação nacional. É, antes, uma “manifestação conjunta”, clarifica.

O presidente da Associação Académica de Lisboa, Ricardo Acto, também discorda da “forma como a manifestação foi convocada”, e diz que esta é um “erro”.

“Queremos ter a sociedade do nosso lado”

Pedro Esteves lembra que a manifestação foi decidida na reunião nacional de dirigentes académicos, em Coimbra, no passado dia 15, e que, no último ENDA, entre 30 de Setembro e 2 de Outubro, “ninguém falou na necessidade de marcar uma manifestação. O estado do ensino superior não mudou em 15 dias”, ironiza.

“É um erro os estudantes irem para a rua neste momento”, argumenta, justificando que “não há informação” e que “é preciso mobilização”.

O presidente da FAP defende que “é preciso criar um fogo de instabilidade”, que terá que começar por “acções simbólicas que vão aumentando de tom, para que todos os estudantes se sintam mobilizados”. A FAP organiza hoje um “Cordão Humano pela Educação”, da Praça da Liberdade até ao Governo Civil da cidade, onde será entregue um caderno reivindicativo com as preocupações da Academia do Porto.

Opinião idêntica é defendida por Rosa Nogueira, que esclarece que os alunos de Aveiro não vão até Lisboa no próximo dia 9 porque “não há condições”. “Primeiro, é preciso fazer uma campanha nacional de mobilização e de informação”, defende, referindo que “é preciso consciencializar os estudantes, até porque há alunos novos”.

“Queremos ter a sociedade do nosso lado”, realça Pedro Esteves, referindo que a “banalização” das acções de protesto dos estudantes “afastaram a sociedade civil do movimento associativo. Temos manifestações consecutivamente em Março e Novembro, porque interessa a uns e outros”, aponta. “Quase que aposto que o ministro já sabe [com muita antecedência] que vamos para a rua na primeira semana de Novembro”.

“De qualquer modo, a FAP está solidária com a Associação Académica de Coimbra”, ressalva Pedro Esteves. A posição é partilhada por Rosa Nogueira: “Estamos solidários com as razões que levaram os nossos colegas a marcar a manifestação”.

Ana Correia Costa
Pedro Rios
Foto: Andreia Ferreira/Arquivo JPN