O “Cordão Humano pela Educação” decorreu, hoje, quinta-feira, em silêncio, desde a Avenida dos Aliados até ao Governo Civil do Porto, como estava previsto. “A chuva criou algum pessimismo”, mas, ainda assim, o protesto “superou as expectativas”, assume o presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Pedro Esteves.

Apesar do mau tempo, mais de 300 estudantes fizeram o cordão humano e, “em silêncio”, entregaram o caderno reivindicativo da Academia do Porto no Governo Civil do Porto.

Da reunião com a governadora civil do Porto, Isabel Oneto, saíu a decisão de criar um grupo de trabalho que irá analisar o caderno reivindicativo, revelou o presidente da FAP ao JPN. Trata-se de uma proposta avançada pela FAP e que foi aceite por Isabel Oneto, referiu Pedro Esteves.

O grupo de trabalho, que vai ser definido pela governadora civil, terá um carácter permanente, e permitirá a discussão dos problemas que afectam os estudantes da academia portuense, assim como a comunicação dos mesmos ao poder local, adiantou o dirigente académico.

Ministro vai ouvir estudantes

A acção promovida hoje pela FAP teve eco também em Lisboa: Pedro Esteves disse ao JPN que o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, manifestou, em conversa telefónica, disponibilidade para receber representantes da federação a fim de “analisar o caderno reivindicativo”, assim como “os problemas que afectam toda a academia”.

A reunião vai juntar o ministro da Educação, o secretário de Estado e a direcção da FAP, e deverá ter lugar no início da próxima semana, não havendo, para já, uma data concreta para a audição.

Pedro Esteves congratula-se com o resultado da acção da FAP junto do Governo, e sublinha que o ministro referiu que a mesma contribuíu para dar “crédito à luta e contestação” dos estudantes.

FAP já não protesta frente ao ministério

A reacção positiva por parte do ministro Mariano Gago levou a FAP a “suspender” a acção de protesto programada para a próxima semana, frente ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), onde os estudantes iriam “acusar o Governo de autismo”.

“A FAP não anda na rua para fazer ‘show-off’, e, a partir do momento em que o ministro se mostra aberto à discussão, seria o descrédito total ir para a rua protestar”, justifica Pedro Esteves.

O dirigente académico espera que a reacção do ministro Mariano Gago “seja de boa vontade e não areia para atirar para os olhos”. “Se for, voltaremos aos protestos”, avisa.

“Se a reunião for um monólogo e não uma reunião entre duas partes, iremos continuar com as acções de protesto”, reitera, sublinhando que a manifestação silenciosa prevista para Lisboa no próximo dia 7 foi “suspensa”, mas “não cancelada”.

Ana Correia Costa
Foto: Luís André Florindo