O conceito e o espírito apresentados pela CasaPorto agradaram aos responsáveis pela SRU – Porto Vivo, Sociedade de Reabilitação Urbana. “Tínhamos como objectivo instalar a exposição CasaPorto 2005 na Foz ou na Boavista já que o ‘target’ é a classe alta”, explica ao JPN João Silva, da CasaPorto e responsável pela requalificação da Pensão Monumental situada em plena Avenida dos Aliados.

A CasaPorto, sociedade que organiza exposições de decoração, “design” e arquitectura, desistiu da ideia de instalar a exposição num imóvel na Foz ou na Boavista e a SRU encontrou neste “casamento” uma forma de equipar a Baixa do Porto com uma “verdadeira montra” para a exposição dos vários projectos que pretende desenvolver na cidade. Em comunhão de esforços, optaram por “devolver a vida a um edificio devoluto da baixa do Porto”, salienta João Silva.

O projecto permitiu o início da recuperação de um edificio onde até 2001 funcionou a conhecida Pensão Monumental. Os trabalhos, que apenas deixam de fora a fachada e o quarto e quinto pisos, deram nova vida ao edifício com a vinda de novas alcatifas, paredes e uma boa dose de criatividade.

Hoje, sexta-feira, às 21h30, depois de mais de três semanas de “trabalhos intensos”, é inaugurada a primeira iniciativa da CasaPorto. Ao todo são três os pisos do prédio “reinventado” que vão receber uma exposição de design de interiores.

“Hotel ficcionado”

A exposição vai contar com casas de banho, suites, cozinhas, salas e stands da Sony. “Será como uma casa, ou um conjunto de casas, com uma linha conceptual condutora. Um hotel ficcionado”, conta João Silva.

Após a inauguração de hoje, o rés do chão do edificio vai contar com uma maqueta da cidade do Porto com réplicas de todos os prédios do Porto, que será naquele espaço a “demonstração fisica da cooperação com a SRU”, alude o gestor da CasaPorto, que também dirige a CasaLisboa.

São duas as portas que dão acesso a uma e a outra porção do mesmo projecto. Mais acima, pelo número 179, entra-se na exposição organizada pela CasaPorto e subindo pela escadaria chega-se ao restaurante desenhado pelo arquitecto Paulo Lobo.

À saida do restaurante um enorme corredor dá acesso a vários “lofts” que se assemelham a salas de estar ao gosto das “classes altas”. O restante espaço não foge à regra e por isso, as divisões semelhantes são compostas por suites, quartos de banho, uma loja da Cin e outra da Sony. “O espaço assemelha-se a um hotel que vai albergar [os 16 designers ou] criadores”, como alguns preferem ser chamados.

João Silva é assertivo em considerar que se trata de um forte contributo para a requalificação do centro da invicta.

Contagem decrescente para inauguração

Ontem, a um dia da inaguração, a azáfama em torno dos trabalhos intensificou-se entre as dezenas de trabalhadores que empreendiam esforços para que amanhã tudo esteja a postos. “Como bons portugueses, começámos as obras um pouco tarde, mas tudo estará pronto a tempo da inauguração”, afirmou o responsável pela CasaPorto.

A reabilitação do velha pensão, propriedade do Grupo José Mello Imobiliárias, não servirá apenas para “as duas semanas da exposição” uma vez que depois “surgem sempre interessados em comprar os prédios”, sustentou João Silva com base na experiência adquirida com a CasaLisboa.

Questionado pelo JPN sobre os montantes envolvidos no financiamento da obra de requalificação, João Silva referiu apenas que foi “preciso muito dinheiro”, sublinhando, contudo, que o financiamento não veio da SRU.

“Vai valer a pena, os portuenses vão gostar desta exposição nesta Baixa líndissima”, exortou João Silva.

O responsável acrescenta mais uma razão para visitar a CasaPorto nas próximas duas semanas: além de exposição, vai existir naquele espaço um restaurante onde os portuenses vão poder almoçar e jantar.

Texto e fotos: Pedro Sales Dias