A mãe e o tio suspeitos de terem morto Joana, a menina de oito anos desaparecida em Setembro de 2004, na aldeia da Figueira, em Portimão, vão hoje saber se serão ou não considerados culpados pelo denominado “crime sem corpo”.

A leitura da sentença de Leonor e João Cipriano, acusados pelo Ministério Público de homicídio, profanação e ocultação de cadáver, está marcada para as 15h00 no Tribunal de Portimão.

Os dois suspeitos foram julgados, entre 12 e 14 de Outubro, por um Tribunal Júri, composto por três juízes e quatros jurados. A detença terá sido determinada ontem, mas a sua divulgação está reservada em segredo de justiça até última audiência de hoje, após um julgamento célere de três dias e um total de 20 horas de sessões.

MP pede 24 anos de prisão

O MP pediu a condenação dos arguidos a um total de 24 anos de prisão pelos crimes de que são acusados – 20 anos de prisão por homicídio qualificado, dois anos por profanação de cadáver e outros dois por ocultação de cadáver.

O magistrado do MP, José Carlos Pinheiro, considerou, nas alegações finais, que apesar da não se ter encontrado o corpo da pequena Joana, os crimes dos quais os irmãos são acusados, ficaram provados na audiência do julgamento.

“As provas periciais, laboratoriais e produzidas pela audição das 45 testemunhas em audiência de julgamento, são suficientes para condenar os arguidos”, defendeu o Procurador da República.

Defesa considera que as provas da PJ são “miseráveis”

Do lado da defesa, o advogado de Leonor, João Grade e Sara Rosado, defensora do tio da Joana, reclamaram a absolvição dos seus clientes, defendendo a tese de que não ficou provado o envolvimento dos dois na alegada morte da menina.

“Ficaram apenas provados os factos pontuais”, salientaram os dois advogados de defesa, acrescentando que a prova produzida pelos investigadores da Polícia judiciária é “miserável”.

Leonor Cipriano, a mãe de Joana, está detida na cadeia de Odemira, no Alentejo, desde 25 de Setembro de 2004. João Cipriano foi detido dois dias depois e encontra-se na cadeia de Olhão no Algarve.

Pedro Sales Dias
Foto: Getty Images