Os contestatários das obras de requalificação da Avenida dos Aliados e da Praça da Liberdade vão sair à rua, amanhã, sábado, para protestar contra o avanço dos trabalhos, que estão prestes a começar. A manifestação está marcada para as 11h00.

De acordo com Jorge Morgado, da empresa Metro do Porto, “ainda não há uma data” definida para o início da intervenção. No entanto, adianta ao JPN que “em princípio, as obras deverão arrancar na próxima semana”. Esclarece, porém, que “tudo depende dos desvios de trânisto, que ainda não estão totalmente definidos”.

A aproximação do início das obras fez crescer o tom dos protestos, e os contestatários resolveram passar à acção: o apelo à concentração de amanhã é feito no “blog” “Aliados” e em vários panfletos que circulam pela cidade, onde se pode ler “juntos na Praça da Liberdade, pela Praça e pelos Aliados”.

A substituição do pavimento actual, composto por calcário e basalto – calçada portuguesa – por cubos de granito é a principal objecção ao projecto dos arquitectos Eduardo Souto Moura e Álvaro Siza Vieira para a requalificação da Avenida dos Aliados.

As associações cívicas acusam ainda a Metro do Porto e a Câmara de incumprimentos legais, nomeadamente no que concerne ao estudo de impacto ambiental e à discussão pública do projecto de Siza e Souto Moura.

Contactado pelo JPN, Jorge Morgado garante a legalidade da obra e reduz as divergências de opinião a “uma questão de pontos de vista”, alegando que a intervenção “não representa nada de radical”.

Segundo a mesma fonte, a empreitada, que prevê alterações significativas nos Aliados, está orçada em 5 milhões de euros e deverá durar 5 meses.

De acordo com o projecto, a reconstrução do que existia é inviável, pelo que os arquitectos optaram por uma intervenção mais profunda.

Assim, o plano dos dois arquitectos prevê a uniformização do piso da Avenida dos Aliados e da Praça da Liberdade – passeios, faixas de rodagem e placa central vão ser em granito. Esta última será estreitada, e a espessura dos canteiros diminuida. Consequentemente, os passeios (onde se encontram os acessos à estação de Metro) ficarão mais largos. No que toca ao trânsito automóvel, mantêm-se as três faixas de rodagem em cada sentido.

A área compreendida entre a Praça da Liberdade e a Avenida dos Aliados vai ser transformada num espaço contínuo, e os desenhos da calçada portuguesa, que será substituída por granito, vão passar para a Rua Sampaio Bruno, actualmente uma artéria pedonal.

O projecto refere ainda as características do mobiliário urbano, e aponta a construção de uma fonte no remate da placa central vai nascer uma fonte rodeada de bancos.

A estátua de D. Pedro IV vai, afinal, manter-se na mesma posição, e não girará 180º, como estava previsto inicialmente.

As associações criticam a substituição da calçada portuguesa pelo granito e o suposto “cinzentismo” (há quem fale em “sizentismo”) que o projecto vai trazer.

Ana Correia Costa
Foto: Pedro Sales Dias