O ministro das Finanças desvalorizou hoje, terça-feira, a revisão em baixa das estimativas do Banco de Portugal para a evolução da economia este ano.

Em declarações à agência Lusa, à margem da conferência Euromoney, em Londres, Teixeira dos Santos sublinhou que o mais importante do Boletim Económico de Outono do Banco de Portugal é que “vem provar que não existe a recessão que se pensava há seis meses e igualmente o facto de apontar uma melhoria ligeira para 2006”.

“É uma diferença de meras décimas percentuais”, sustentou. Também o governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, presente na mesma conferência, desvalorizou a revisão, considerando-a “muito pequena”.

A última previsão do Governo para o crescimento da economia portuguesa em 2005 era de 0,5%.

Revisão em baixa

Segundo o Boletim Económico de Outono, divulgado hoje, a riqueza produzida no país (Produto Interno Bruto) deve crescer em 2005 apenas 0,3% face ao ano passado, uma descida de 0,2 pontos percentuais em relação à previsão anterior da mesma instituição.

Se se confirmar este valor de crescimento, a economia portuguesa vai abrandar face ao ano passado, período no qual cresceu 1,3%.

A descida do PIB deve-se, segundo o boletim, a um “comportamento mais desfavorável do que o então previsto para o investimento e as exportações”.

“O abrandamento da actividade económica em 2005 traduz um menor contributo da procura interna para o crescimento do PIB, associado em larga medida à queda do investimento, uma vez que o crescimento do consumo privado se tem mantido sustentado”, refere o documento.

O Banco de Portugal prevê também um “comportamento desfavorável” das exportações, “acentuando as perdas de quota de mercado acumuladas na última década”.

O consumo, privado e público, deverá ser a componente mais dinâmica da procura global, com o consumo privado a aumentar 1,9%.

O défice das administrações públicas deve subir aos 6% do PIB e a dívida pública continuará a aumentar, devendo exceder 65% do PIB no final do ano.

O Banco de Portugal sublinha que a previsão comporta um “grau de incerteza elevado”, que deriva da “evolução do comércio externo, num contexto de alterações estruturais associadas ao processo de globalização e de introdução de uma nova metodologia de apuramento das estatísticas de comércio internacional”.

Pedro Rios
Foto: Getty Images