Mais de 600 mil crianças são infectadas todos os anos com o vírus da sida. Cerca de 90% delas estão infectadas apenas porque têm mães seropositivas. Estes números negros podiam ser reduzidos se lhes fossem administrados tratamentos, como medicamentos antiretrovirais. Uma dose destes medicamentos custa apenas 8,5 euros, mas chegam a menos de 10% das mulheres que precisam deles.

A UNICEF e a Organização Mundial de Saúde alertam para a necessidade de um maior acesso das mulheres infectadas com o HIV aos cuidados preventivos. A cada minuto, uma criança morre de doenças relacionadas com a sida e outra é infectada com o HIV.

No “High Level Global Forum”, que decorre esta semana, 140 peritos da UNICEF, OMS e de outros parceiros na luta contra a pandemia discutem medidas para que, em 2010, 80% destas mulheres tenham acesso a tratamentos. Foi essa a meta estabelecida pela ONU em 2001, mas ao ritmo actual não será atingida, admite a UNICEF no Dia Mundial da Sida.

“Centenas de milhares de pessoas nascem sem necessidade com o HIV todos os anos e muitas delas morrem no primeiro ano de vida. Contudo, existem intervenções eficazes”, afirma, em comunicado, o director executivo da UNICEF, Ann Veneman. Sem cuidados preventivos, uma grávida seropositiva tem 35% de hipóteses de tansmitir o vírus para o seu filho.

O último relatório anual sobre a doença, elaborado pela OMS e divulgado na semana passada, afirma que a transmissão entre mãe e filhos foi virtualmente eliminada nos países industrializados, mas continua a matar em quase toda a África subsariana.

No fórum desta semana estão presentes delegações de 27 países. O objectivo é partilhar as melhores práticas na luta contra a sida e definir o caminho a seguir para acelerar a expansão do apoio aos países mais necessitados.

Os tratamentos retrovirais são um importante ponto na agenda: em discussão está a eficácia destes medicamentos na redução da transmissão do HIV e a exequibilidade da oferta dos tratamentos antiretrovirais a longo termo.

A UNICEF alerta que nos países mais afectados pela sida, particularmente na África subsariana, o acesso aos tratamentos é ainda muito reduzido, apesar dos programas-piloto desenvolvidos, desde 1998, em 11 países da região. Destes países, apenas o Botswana conseguiu uma cobertura nacional de pelo menos 50% das grávidas seropositivas.

A grande maioria das mulheres seropositivas vive em África. A taxa de mortalidade infantil duplicou nos últimos anos nos países africanos mais afectados.

Apesar das doações dos governos terem aumentado, a UNICEF considera que as crianças ainda não recebem a “parcela justa”. Por isso, a agência da ONU de defesa dos direitos das crianças, pede aos governos que contribuam especificamente para os programas destinados às crianças.

Pedro Rios
Foto: SXC