O Governo apresentou hoje os estudos e decisões sobre a introdução de comboios de alta velocidade em Portugal. As linhas a construir vão estabelecer a ligação entre Lisboa e Porto e Lisboa e Madrid e vão custar perto de nove mil milhões de euros. O projecto vai criar 100 mil novos empregos entre 2010 e 2012, anunciou o ministro da Economia, Mário Lino.

A maior fatia (4,7 mil milhões) vai para a ligação ao Porto, que estará pronta em 2012. A linha que liga Lisboa à capital espanhola estará pronta um ano depois.

O Governo decidiu dar prioridade às ligações entre Lisboa e Porto e Lisboa e Madrid porque “apresentam níveis de sustentabilidade económica e financeira que também justificam avançar, desde já, com a sua concretização, além de serem determinantes para viabilizar o desenvolvimento subsequente das restantes ligações”, justificou Mário Lino.

Apesar das dificuldades económicas que o país atravessa, o Executivo não tenciona interromper o projecto. O ministro da Economia considerou que “tal interrupção só agravaria o atraso de Portugal em matéria de modernidade e competitividade no espaço ibérico e comunitário, perdendo, simultaneamente uma oportunidade única para desenvolver a inovação, a tecnologia e a coesão social e territorial do país”.

A implementação da linha Lisboa-Madrid vai obrigar à construção de uma terceira travessia sobre o Tejo, com componente viária e ferroviária.

A acrescer ao custo original do projecto de alta velocidade, o Governo vai gastar 480 milhões de euros em material circulante. Cabe ao Estado assumir 40% do investimento total na obra.

O ministro espera “uma ampla participação nacional nas actividades relativas à obra, às especialidades ferroviárias, telecomunicações e tecnologias de informação e comunicação, bem como ao nível dos interiores dos comboios”. O Governo prevê a participação em 60% por parte dos privados no investimento total na obra.

100 mil empregos

O projecto de alta velocidade ferroviária vai criar 100 mil empregos no pico da fase da construção das ligações, entre 2010 e 2012. A estes postos de trabalho, acrescerão aqueles que resultarem da exploração das linhas, adiantou Mário Lino.

Espera-se que os bilhetes entre Lisboa e Porto custem cerca de 40 euros e entre Lisboa e Madrid cerca de 100 euros, reafirmou o ministro. Estes valores são considerados competitivos face ao preço das passagens aéreas entre as cidades.

A linha ferroviária de alta velocidade permitirá ligar Lisboa a Madrid em duas horas e 45 minutos e a capital portuguesa ao Porto em uma hora e 15 minutos.

Luís André Florindo
c/ Lusa
Foto: Midwest High Speed Rail Association