Partiu hoje, quarta-feira, para o espaço o primeiro satélite do projecto Galileu, dando início ao processo de criação de um sistema de posicionamento por satélite exclusivamente europeu. O Giove A foi lançado do cosmódromo de Baikonour, no Casaquistão, às 11h10 (hora local – 5h10 em Lisboa). É o arranque definitivo do Galileu, depois de dois anos de atraso.

O lançamento do satélite (com 600 quilos) ocorreu sem incidentes, informou Marco Falcone, responsável de sistemas para o galileu na Agência Espacial Europeia. Contudo, o êxito ou fracasso da missão só será conhecido ao início da tarde (em Portugal), 7 horas e 32 minutos após o lançamento, depois de verificado o bom funcionamento dos painéis solares e dos instrumentos de transmissão do satélite.

A Agência Espacial Europeia (ESA) prevê que este projecto esteja completamente operacional em 2008, com 30 satélites postos em órbita nos próximos anos. Trata-se de um projecto importante para a União Europeia “porque dará à Europa a independência em relação aos EUA em matéria de posicionamento por satélite”, esclareceu ao JPN o porta-voz da ESA, Franco Bonacina.

O GPS (Global Positioning System) foi inventado nos EUA, nos anos 80, e permite, através do contacto com satélites, saber onde determinado objecto ou pessoa se encontram. O Galileu será em tudo semelhante ao GPS, mas terá maior precisão e a possibilidade de haver um sinal contínuo na comunicação com o satélite.

Administração civil

A maior precisão (a margem de erro é inferior a um metro) permitirá seguir em tempo real as rotas dos aviões comerciais, monitorar com mais rigor a localização de presos com pulseira electrónica e agilizar o socorro a pessoas perdidas, bem como melhorar as telecomunicações.

O projecto, orçado em 3.300 milhões de euros, é co-financiado pela UE e pela ESA.

Ao contrário do GPS e do Glonass (sistema russo) que têm gestão militar, o sistema europeu vai ser administrado civilmente, mas “poderá ser usado por serviços de defesa para operações de segurança”, adiantou ao JPN o porta-voz da ESA.

Português à frente do projecto

À frente da Agência Europeia de Supervisão do Global Navigation Satellite System (GNSS), responsável pela implementação do projecto, está um português: Pedro Pedreira é engenheiro electrotécnico, tem 48 anos e foi escolhido, entre 33 candidatos, para ser director executivo do GNSS.

Luís André Florindo
Foto: ESA