Ariel Sharon, de 77 anos, é, actualmente, o político mais popular de Israel e, juntamente com o trabalhista Shimon Peres, o último sobrevivente dos políticos que surgiram por volta de 1948, com a criação do Estado de Israel.

Conhecido pela sua intransigência, o primeiro-ministro de Israel foi, por diversas vezes, epicentro de acesas polémicas. Protagonizou uma das mais recentes entre Agosto e Setembro do ano passado, quando, contrariando a ala dura do seu partido – o Likud – decidiu proceder à retirada unilateral dos territórios palestinianos ocupados, pondo fim a 38 anos de ocupação israelita em 21 colonatos de Gaza e quatro da Cisjordânia.

Mudança no mapa político

Em Novembro, e após ruptura com o Likud, opera uma viragem política: funda um partido de centro, o Kadima, apontado pelas sondagens como o favorito às eleições do próximo mês de Março.

Sharon é um político da linha dura da direita. Iniciou-se nas fileiras militares e comandou várias operações contra os árabes. Enquanto primeiro-ministro de Israel, o seu grande objectivo foi pôr fim aos ataques terroristas contra alvos israelitas e garantir a segurança total para o seu país.

Ariel Sharon nasceu a 27 de Fevereiro de 1928, na aldeia de Kfar Mahal, a norte de Telavive, território palestiniano então administrado pelo Reino Unido.

Em 1942, com apenas 14 anos, ingressa na Haganah, uma organização militar clandestina judia que precedeu o exército israelita, e luta na guerra israelo-árabe entre 1948-49, depois da criação do estado judeu, em 1948.

Líder militar duro

Durante a década de 1950, torna-se líder da Unidade 101, criada para combater os árabes. Comanda uma série de acções militares e, em 1953, lidera uma operação contra a aldeia de Qibya, na Cisjordânia, fazendo explodir 50 casas e matando 69 moradores. Com isto, Sharon deixaria uma lição: por cada acto terrorista árabe haveria um preço alto a pagar. Em 1955, um outro incidente provoca a morte a 38 militares egípcios na Faixa de Gaza.

Em 1967 comanda a divisão de blindados na Guerra dos Seis Dias que conquista Jerusalém Oriental, a Cisjordânia e a Faiza de Gaza, e, em 1973, lidera a captura do Terceiro Exército do Egipto, pondo fim à Guerra do Yom Kippur. No início da década de 70, enquanto comandante militar no sul de Israel, Sharon reprimiu os palestinianos na Faixa de Gaza através de deportações em massa de famílias inteiras.

Dinamizador do Likud

A incursão de Sharon no campo político é mais recente, e teve início em 1973. Nessa altura, Sharon foi um dos principais dinamizadores das forças políticas de direita que deram origem ao Likud. Tal não impediu, contudo, que Sharon se tivesse tornado no conselheiro de segurança do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, do Partido Trabalhista, em 1974.

Em 1977, é eleito pela primeira vez para o Knesset (Parlamento israelita). Entre 1977 e 1981, é ministro da Agricultura no primeiro governo do Likud, e organiza o primeiro grande movimento de colonização judaica nos territórios ocupados.

Em 1982, enquanto ministro da Defesa, comanda a invasão do Líbano. Acaba por ser responsabilizado pelo massacre de mais de dois mil civis palestinianos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, perto de Beirute, cometido por milícias cristãs maronitas libanesas (A Falange) enquanto o exército israelita observava.

Por todo o mundo houve várias manifestações de repúdio ao governo de Israel, e os próprios israelitas saíram às ruas pedindo a queda do governo e uma investigação ao sucedido. Sharon é destituído do cargo de ministro da Defesa em 1983, naquilo que poderia ter sido o fim da sua carreira. Mas o antigo militar voltaria à cena política pouco tempo depois, assumindo em 1984 a pasta do Comércio e da Indústria.

Entre 1990 e 1992, enquanto ministro da Construção e Habitação, incentiva a maior expansão de colonatos judeus nos territórios ocupados (Faixa de Gaza e Cisjordânia) desde a invasão de 1967.

Em 1999, quando Benjamin Netanyahu perde as eleições gerais para o trabalhista Ehud Barak, Sharon assume a liderança do Likud.

Em Setembro de 2000, a sua visita à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém foi vista como um acto provocatório contra os palestinianos e despoletou a segunda Intifada.

Em Fevereiro de 2001, torna-se primeiro-ministro de Israel após obter uma esmagadora maioria – cerca de 63% dos votos apurados – sobre a candidatura de centro-esquerda do trabalhista Ehud Barak. Sharon promete segurança aos israelitas e a retomada do processo de paz com os palestinianos após o fim da Intifada. É reeleito em 2003.

Ana Correia Costa
Foto: DR