Foi mais uma acção de luta dos trabalhadores da recolha de lixo da Câmara do Porto contra a suspensão do prémio nocturno. As estruturas sindicais que representam o lixeiros organizaram no final da tarde de hoje, terça-feira, um cordão humano para ligar a Câmara ao Governo Civil do Porto.

Os secretários-gerais da CGTP e da UGT estiveram presentes no protesto que reuniu cerca de 500 trabalhadores e populares, nas contas de José Abraão do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP).

Os líderes sindicais congratularam-se pelo facto de ter sido aprovado hoje, em conferência de líderes da Assembleia da República, a discussão na Comissão Parlamentar do Trabalho e Solidariedade do projecto de regulamentação do subsídio de insalubridade e risco apresentado pelos deputados do PCP.

O líder da CGTP, Carvalho da Silva, defendeu a resolução do problema na Assembleia da República, mas sublinhou que o “primeiro responsável é a Câmara”. “Aproveita-se um vazio e ataca-se um direito de humildes trabalhadores”, afirmou, qualificando de “chico-espertismo” a atitude de Rui Rio e apontando críticas ao “laxismo” de sucessivos governos.

Carvalho da Silva considerou “absurda e prepotente” a decisão da edilidade portuensa. “Em bom português, isto é roubar uma parte do salário”, disse, sublinhando estar “na moda ser-se rigoroso para com quem tem pouco”. Lamentou ainda que os trabalhadores sejam “bolas de ping-pong” no meio do impasse gerado entre o Executivo de Rui Rio e o Governo.

Com discurso igualmente crítico, o secretário-geral da UGT referiu que é “inaceitável no Portugal democrático que trabalhadores percam salários”. “Todos reconhecem” que a situação dos trabalhadores é grave, “mas ninguém dá o primeiro passo”, disse.

José Abraão, do SINTAP, criticou a falta de resposta do Tribunal Administrativo do Porto relativamente à providência cautelar interposta pelo sindicato contra a decisão de Rui Rio. O sindicato esperava uma decisão do tribunal no início de Janeiro.

Do lado do STAL, João Avelino apontou três responsáveis pela situação actual: Cavaco Silva, dado que o problema, segundo os sindicatos, se arrasta desde o seu primeiro mandato, os governos e Rui Rio.

Texto e fotos: Pedro Rios