O Iraque continua a viver num clima de violência. Várias explosões que se fizeram sentir hoje, quarta-feira, nas imediações da capital iraquiana, Bagdade, provocaram 29 mortes, enquanto 68 pessoas ficaram feridas, de acordo com informações do Ministério do Interior iraquiano.

23 pessoas morreram e 58 ficaram feridas quando uma viatura armadilhada explodiu, esta manhã, num mercado do bairro de Nova Bagdade. Num outro incidente, três pessoas morreram e 10 ficaram feridas quando uma viatura explodiu na praça Tharir no centro de Bagdade. Três pessoas morreram quando três casas em Mahmudiya (cidade a sul de Bagdade) foram atingidas por granadas.

Desde o atentado contra uma mesquita xiita em Samarra, cidade santa do xiismo, a 22 de Fevereiro, que o Iraque vive num clima de permanente violência. A possível iminência de uma guerra civil é a principal preocupação dos iraquianos.

“Fortes sinais de uma guerra civil

Zuhair Al-Jezairy, jornalista que trabalha em Bagdade, admite que há “fortes sinais de uma guerra civil”. Em declarações ao JPN, Zuhair diz que está a haver “o tipo de ‘assassinato de identidade’, usado no Líbano durante a sua guerra civil, em que xiitas matam sunitas e vice-versa, e o mesmo tipo de guerra de mesquitas entre sunitas e xiitas”.

Para este jornalista, o país está muito perto de uma guerra civil. “Cobri a guerra civil do Líbano, por isso consigo ver o mesmo cenário a repetir-se sob diferentes formas”, diz.

À semelhança do que se passou em guerras anteriores, os iraquianos começam a cuidar da sua sobrevivência, comprando produtos de primeira necessidade.

Zuhair Al-Jezairy acha que “não há vencedores nesta guerra, a não ser o grande cemitério de Najaf”. O jornalista acredita que uma forma de se minorar um confronto civil podia passar por casamentos mistos e por apelos à calma por homens religiosos e pelos partidos.

Ana Sofia Coelho
Foto: SXC