A falta de interacção entre os concelhos é a principal lacuna das políticas ambientais no Grande Porto. Quem o diz é Pedro Macedo, coordenador do projecto Futuro Sustentável, no âmbito do qual foi elaborado o Diagnóstico Ambiental Regional, apresentado hoje, na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, no Porto.
O estudo, inédito por reunir 120 entidades, aponta a desarticulação entre os nove concelhos analisados (Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia), mostrando a necessidade urgente de modificar a gestão das medidas, acções e políticas de ambiente na região.
A região do Grande Porto é afectada por problemas ambientais graves, dos quais Pedro Macedo, que é também investigador da Escola Superior de Biotecnologia, destaca os fogos florestais, a gestão dos recursos hídricos e os problemas de ordenamento e de mobilidade.
Para colmatar as falhas encontradas, o Plano Estratégico de Ambiente, que será conhecido em Abril, propõe a requalificação dos rios, o uso racional da água, a aposta nas zonas pedonais e a criação de Centros de Valorização da Floresta.
O Plano Estratégico de Ambiente tem duração prevista de quatro anos (de 2006 a 2011) e espera por apoio financeiro até o final de ano.
“Grande desarticulação”
Apesar do diagnóstico pouco positivo, Pedro Macedo afirmou ao JPN que há um “grande esforço para inverter a situação”, destacando as “centenas de projectos de educação ambiental”. Contudo, estes esforços pecam pela “grande desarticulação” entre si.
“Somos muitos a trabalhar em projectos ambientais, mas muito pouco articulados entre nós”, diz. O objectivo do Plano Estratégico de Ambiente é, desta forma, “reorientar prioridades”. “Não adianta fazer uma intervenção local numa determinada linha de água, se depois a montante nada está a ser feito”, exemplifica.
O coordenador do projecto defende que o trabalho “em sintonia” entre as várias autarquias permite ainda uma maior eficácia nos concursos ao quadro comunitário de apoio.
