No dia em que comemora o seu décimo aniversário, a Associação dos Profissionais do Ensino da Música (Apemúsica) fez o balanço dos últimos 10 anos e apontou o dedo aos sucessivos governos pela “inércia” e pelo “desprezo” a que têm votado este sector educativo.

Desde a falta de dignificação da disciplina de Educação Musical no segundo ciclo à falta de articulação entre os cursos superiores existentes e o mercado de trabalho, vários são os problemas que atingem o sector, segundo a Apemúsica.

Em conferência de imprensa, hoje, quinta-feira, o presidente da Apemúsica, Carlos Canhoto, vincou que “as escolas de música credenciadas pelo Ministério da Educação não chegam, nem de perto nem de longe, para as necessidades”, e adiantou que é sua intenção apresentar uma proposta ao Governo para a criação de um conservatório em cada capital de distrito.

“O sul e o interior do país têm sido esquecidos. Só existem escolas credenciadas no litoral e a norte do Tejo”, afirmou o director da Apemúsica.

A associação está preocupada com a situação actual dos professores de música. Uma das prioridades, diz Carlos Canhoto, é exigir que os licenciados dos antigos cursos superiores sejam reconhecidos. “São profissionais que têm a formação máxima que era possível na altura em que se licenciaram e que com a reformulação dos currículos vêem negada a possibilidade de equipararem a sua formação a uma licenciatura e de progredirem na carreira”, disse.

Carlos Canhoto sublinhou que continuará a dialogar com o Governo no sentido de resolver estes problemas e adianta algumas soluções “possíveis, necessárias e urgentes”.

A Apemúsica defende que o ensino da música deve estender-se a todos os graus de ensino, do básico ao pré-escolar. O dirigente da associação lembrou que outros países já perceberam a importância que o ensino da música desempenha no desenvolvimento cognitivo das crianças.

“Portugal está longe de atingir un nível de convergência com a realidade europeia e a formação musical, em Portugal, continua confinada a alguns priveligiados, a uma minoria”, denunciou.

PSD, CDS-PP, PCP e o partido ecologista “Os Verdes” já reuniram com a Apemúsica. Faltam apenas o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda. Até agora, Carlos Canhoto diz estar confiante porque “a receptividade tem sido boa”. “Parece óbvio que estes problemas têm de ser resolvidos”, afirma.

“Não é dificil alterar a situação do nosso sector, falta só vontade politica. O problema é que o actual Governo parece querer seguir os passos dos anteriores e desprezar o sector da música”, concluiu Helena Neves, membro da direcção da associação.

Já está agendado para o próximo dia 24 de Junho o II Encontro Nacional de Professores de Música, a realizar-se na Casa da Música.

Texto e foto: Paula Teixeira