“Plasticina”, obra de estreia de Vassili Sigarev – o jovem dramaturgo russo internacionalizado pelo Royal Court de Londres – vai estar em cena no Teatro Carlos Alberto no Porto, pelas mãos de Nuno Cardoso. A peça é protagonizada por Maskim, um jovem órfão que desperta para a adolescência em plena Rússia pós-comunista, uma sociedade abalada por mudanças bruscas.

“Plasticina” conta uma história de sobrevivência física e emocional no ambiente agressivo de uma sociedade caótica após a queda do comunismo. Ao JPN, o encenador confessa que a escolha deste novo projecto tem a ver com a actualidade do ambiente retratado na peça.

A acção passa-se na Rússia pós-comunista, mas podia passar-se em qualquer cidade onde exista um adolescente imerso numa espécie de sub-mundo urbano marcado por sexo, drogas e violência. Maskim, o protagonista de “Plasticina”, encarna a violência e a decadência social e económica que existe nas grandes cidades europeias e também no Porto.

“O Maskim, no Porto, é um guna”, compara o encenador, “um ser invisível” na sociedade. Na tentativa de mostrar que a realidade de decadência e violência da peça também existe na cidade portuense, Nuno Cardoso incluíu no texto original de Sigarev uma nova fala: “um guarda-chuva a dizer ‘Cá!”. E refere-se ao recente caso do transsexual morto no Porto para evidenciar a actualidade deste tema: “De repente, temos uma sociedade toda chocada com uma coisa que são as entranhas da sociedade e que o serão sempre”.

“Plasticina” é uma tragédia contemporânea que se constrói em torno da violência urbana – marcada por agressões físicas e verbais. Mas, mais ainda do que isso, é uma história de “absoluta solidão”, com uma “ressonância poética muito grande” e foi isso que mais impressionou Nuno Cardoso neste texto de Sigarev. O encenador “sempre quis fazer uma peça que acabasse com um suspiro”.

“Plasticina” estreia hoje, quinta-feira, no Teatro Carlos Alberto do Porto e vai estar em cena até dia 2 de Abril.

Texto e fotos: Inês Castanheira