No mesmo dia em que a administração Bush admitiu a hipótese de guerra preventiva contra o governo iraniano, Teerão ofereceu a sua ajuda para normalizar a situação do Iraque.

A notícia foi avançada ontem, quinta-feira, pela Associated Press (AP). A iniciativa parece ter sido tomada por funcionários das altas esferas do governo de Teerão, como modo de aliviar a tensão sobre o programa nuclear iraniano, em troca da oferta de ajuda ao apaziguamento da situação de quase guerra civil no Iraque.

Numa aparente postura cooperante e conivente, a administração norte-americana admitiu considerar a oferta de colaboração sem entrar em conversações do âmbito nuclear.

A secretária de Estado Condoleeza Rice proferiu, durante a sua visita diplomática à Austrália, que quaisquer conversações referentes à proposta iraniana seriam integralmente independentes do tema do programa nuclear, e que passariam pelo embaixador dos Estados Unidos no Iraque, Zalmay Khalilzad.

No mesmo discurso, Rice elogiou o trabalho das forças iraquianas em colaboração com o exército norte-americano, declarando que “o papel das forças de segurança iraquianas nesta ofensiva mostra que elas assumem a maior parte do combate pela segurança”.

Também segundo a AP, o secretário do Supremo Conselho de Segurança iraniano, Ali Larijani, reafirmou, em declarações à imprensa, que quaisquer conversações que possam ter lugar se limitarão exclusivamente à situação iraquiana. Larijani é o principal negociador iraniano no âmbito do polémico programa nuclear.

Os Estados Unidos quebraram as ligações diplomáticas com Teerão em 1979 e o clímax da tensão entre as duas nações deu-se aquando da definição do famoso “Eixo do Mal”, por parte da administração norte-americana, em que o Irão estava incluído.

Ainda assim, e apesar da separação dos debates em causa, vários analistas políticos contactados pela AP consideram que qualquer diálogo directo entre as duas administrações poderá estreitar as relações entre os dois países, e abrir caminho para a diplomacia no caso do programa nuclear.

André Sá
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