Qual é o peso que a concelhia pode ter dentro do PS, a nível global e a nível local?

A concelhia é um órgão intermédio que faz a articulação do concelho a nível político, determina e acompanha as políticas autárquicas nesse mesmo concelho, nomeadamente até as indicações para a escolha dos candidatos a presidentes de Câmara.

A nível prático, na relação directa com os cidadãos o que é que pensa que a concelhia pode fazer?

Muita coisa. O espaço do debate é um panorama muito vasto que permite fazer muita coisa. Os partidos têm-se vindo a afastar daquilo que são as chamadas causas justas. Por exemplo, a regionalização. Todos os estudos apontam que uma câmara faz uma melhor gestão do seu dinheiro do que Lisboa. Quando as juntas metropolitanas passarem a ter o seu presidente eleito todas as juntas vão começar a ter capacidade de reivindicar tudo aquilo a que têm direito. Mas veja que neste combate pela regionalização, a partir do momento que esta questão se partidariza é um problema. Parece que os partidos deixam de estar interessados no que é melhor para o país e passam a estar interessados em obter vitórias relativas enquanto partido que podem ser momentâneas e efémeras, mas para o país são todas elas derrotas.

Como é que acha que é possível incrementar a participação das mulheres na vida política além das quotas?

Em relação às quotas do PS tenho uma dupla leitura. Por um lado, penso que as mulheres ao terem uma quota fixa dá ideia de “coitadinhas”. E acredito que há muitas mulheres contra as quotas por causa disto. Mas também penso que se todos os condutores portugueses fossem condutores com civismo também não era preciso multas. O 33% das quotas das mulheres é quase uma “vitamina inicial” que vai ajudar a fomentar essa participação. Por exemplo, o horário a que se promove as reuniões. Temos que discutir com as mulheres do PS qual é a melhor hora para elas. Cada uma tem a sua vida, mas elas próprias têm determinadas tarefas que, se calhar, o horário que praticamos no partido, que é ter as reuniões depois do jantar, tem de levar uma volta porque se calhar temos a mulher que fica em casa com as crianças.

Mas acha que os homens não têm essas tarefas?

Se calhar têm, mas os homens já encontraram a fórmula de participar. Porque não há falta de homens. Se fizer uma lista é geral confrontarmo-nos com isto: há homens a mais e mulheres a menos. Ora, se o homem já encontrou um modelo de participação é preciso irmos em busca de um modelo de participação das mulheres.

Tiago Dias