A maioria dos jovens europeus não se interessa pela política e dá maior importância às organizações não-governamentais (ONGs) do que aos partidos políticos. São as principais conclusões de um estudo do projecto EUYOUPART, que recolheu dados de mais de 8.000 jovens (dos 15 aos 25 anos) de oito países europeus (Áustria, Itália, Eslováquia, Alemanha, Estónia, Finlândia, França e Reino Unido).

64% dos jovens questionados diz não estar não interessado em política. A Alemanha é o único país em que há uma percentagem maior de inquiridos interessados (51%). Contudo, segundo o estudo, há esperança que o interesse na política aumente com a idade.

O estudo conclui que “o sistema democrático representativo não está em perigo, mas há uma importante parte dos jovens que não estão envolvidos”.

Os jovens austríacos e alemães são os mais pessimistas quanto ao salário, emprego e segurança social. A meio caminho estão os franceses, que temem pela sustentabilidade da segurança social. Os mais entusiastas são os habitantes da Estónia, seguidos dos jovens da Finlândia, Eslováquia e Reino Unido.

Relativamente às instituições, ONGs como a Greenpeace e a Amnistia Internacional merecem os maiores níveis de confiança. Seguem-se as instituições europeias, que inspiram alguma confiança, e as instituições nacionais (governo, partidos, parlamento e políticos) que cativam poucos jovens. Apesar da desconfiança, os jovens sentem-se próximos de alguns partidos.

A política é vista de forma ambígua, simultaneamente idealista e cínica: se, por um lado, quase 70% dos inquiridos vêem-na como uma forma de resolver problemas internacionais e conflitos sociais, são também muitos os que desconfiam dos seus resultados – 46% dizem que são apenas “promessas vazias” e 35% associam a política à corrupção.

O voto continua a ser a forma mais frequente de participação política. 62% acredita que votar é a forma mais eficaz de promover a mudança social, seguida da divulgação de causas junto da comunicação social (43%) e o trabalho nas ONGs (40%). Apenas 34% apontam o trabalho ao nível dos partidos como eficaz.

Pedro Rios
Foto: SXC