A guerra no Iraque é a mais mortal para os jornalistas desde a II Guerra Mundial. A garantia é dos Repórteres Sem Fronteiras, que recordam hoje, segunda-feira, que já morreram 86 profissionais da comunicação social (jornalistas e assistentes) no Iraque desde o início da guerra, em Março de 2003. O número é superior aos 63 mortos nos 20 anos da guerra do Vietname.

Ainda segundo os RSF, foram raptados 38 profissionais dos “media” desde a invasão do Iraque, há três anos. Cinco deles foram executados.

O australiano Paul Moran foi o primeiro de uma série de jornalistas a morrer no Iraque, a 22 de Março de 2003, evoca a organização, que lamenta o facto de serem raros os meses em que não morra pelo menos um jornalista no país. Só este ano perderam a vida oito profissionais do sector no país.

Os RSF lançaram um relatório [PDF] com todos os casos de jornalistas mortos no Iraque, os “media” para quem trabalhavam, as circunstâncias em que morreram e quem perpetrou o crime.

O documento revela que a maioria dos jornalistas mortos eram homens (92%) e iraquianos (77%). 41 órgãos de comunicação diferentes viram profissionais seus serem mortos no Iraque. Só da televisão iraquiana Al-Iraqiya morreram 12 profissionais.

53% das mortes têm como responsáveis autores não identificados, seguindo-se grupos armados que se opõem à invasão (35%) e o exército norte-americano (12%).

A organização garante que a maior parte das vítimas foram alvos deliberados (55% dos casos). A percentagem é muito maior que noutras guerras em que os jornalistas faleciam devido a ataques generalizados ou balas perdidas.

Pedro Rios
Foto: US DOD