No ano passado foram registados 3.282 novos casos de tuberculose em Portugal. A doença tem uma forte incidência no Grande Porto e a pobreza é apresentada como uma das causas, já que existe uma ligação “directa” entre a tuberculose e a falta de rendimentos.

“A falta de saúde e de higiene, uma alimentação menos rica, a fraca assistência médica e mesmo o desinteresse das pessoas” propicia o desenvolvimento da tuberculose e outras doenças associadas, como, por exemplo, a SIDA, explica o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, padre Agostinho Moreira,

O responsável avança diversos aspectos que condicionam a pobreza no Porto e arredores, como a desertificação. A maior parte dos residentes na cidade são idosos, estão sozinhos e vivem em condições de pobreza.

A desestruturação das famílias – pais divorciados e mães solteiras – são as mais atingidas por este problema social. Os rendimentos que têm não são suficientes para pagar as contas. Actualmente, as habitações não têm “condições de dignidade, o que afecta a saúde” das pessoas. Outros problemas sociais do Porto são a marginalidade e os “cerca de 300” sem-abrigo.

O desemprego é um dos grandes factores que contribuem para o problema social. “Na cidade do Porto falta qualificação da mão-de-obra”, diz. O subsídio de desemprego e mesmo o rendimento mínimo não são suficientes e em vez de “resolverem problemas, alimentam-nos”.

Mesmo quem tem trabalho tem visto o poder de compra dos seus habitantes diminuir. “Cerca de 12% dos empregados são pobres”, explica Agostinho Moreira.

Maritza Silva
Foto: SXC