O primeiro dia do festival Trama fez com que quem quisesse assistir a todos os espectáculos da tarde de hoje, sábado, tivesse de dar um passeio pela Baixa da cidade, começando pelo Maus Hábitos, em frente ao Coliseu do Porto, e terminando na Casa da Música na rotunda da Boavista. À noite, o festival prosseguiu em Serralves com festa pela noite dentro.

Música, dança, desenho digital, todas estas vertentes de expressão artística marcaram presença em vários espaços da cidade. De salientar as “flash appearances” do coro finlandês Mieskuoro Huutajat, particularmente a que teve lugar na Praça D. João I ao princípio da tarde. 24 homens de fato e gravata, com um maestro a liderar o pelotão, em jeito de militar. Apesar do aspecto formal os elementos do coro mostravam muito boa disposição.

As pessoas que iam passando pela praça aproximavam-se para ver o que se passava em pleno centro da cidade, no preciso local onde pouco mais tarde se realizaria uma manifestação da CGTP. Desde o hino soviético ao norte-americano, passando por canções tradicionais nórdicas até ao hino português, os finlandeses gritaram um pouco de tudo.

Outro dos destaques da tarde vai para Maria Donata D’Urso. A italiana demonstrou que as ideias que sugerem as limitações do corpo humano estão erradas. Pelo menos no contexto da arte. Na total escuridão do pequeno auditório do Teatro Municipal Rivoli a artista, através de um jogo de luzes extremamente bem preparado, conseguiu gerar desorientação no público sobre aquilo que se estava a passar em palco. Se é que existia um palco. No silêncio, Maria D’Urso contorceu o seu corpo de modo a que se tornasse imperceptível aquilo que se estava a ver.

Já na Casa da Música, ao fim da tarde, tocaram os marroquinos Master Musicians of Joujouka (na foto). Durante cerca de uma hora deram a conhecer a sua música com elementos que se mostraram além do seu tempo e espaço, a fazer recordar bandas que hoje povoam o panorama musical alternativo. Explicaram através da sonoridade que praticam o porquê de se ter gerado tanto interesse pelas montanhas de Joujouka e pela música que criam junto de grandes escritores e músicos norte-americanos e britânicos.

Quase ininterruptamente os músicos árabes animaram a Sala 2 da Casa da Música com melodias e cantos hipnotizantes e relaxantes usando apenas flautas e dois tambores. As cadeiras, pouco habituais nesta sala, foram uma condicionante à movimentação do público, muito do qual parecia estar disposto a dançar.

Amanhã repetem-se grande parte das actuações de hoje. De destacar as presenças dos britânicos Third Angel em Serralves às 17h30 e de eRikm às 23h, no Foyer da Fundação de Serralves.

Tiago Dias
Foto: DR