Alípio Ribeiro passou a ser desde ontem, segunda-feira, o “homem forte” da Polícia Judiciária (PJ), substituindo Santos Cabral no cargo de director nacional.

“Espero que o novo director nacional traga os mecanismos para resolver
o problema da PJ”, afirmou, ao JPN, o secretário-geral da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da PJ (ASFIC), Carlos Garcia.

“Se o novo director nacional não trouxer os mecanismos para resolver os problemas financeiros, a PJ continua em risco de fechar a porta”, alerta Carlos Garcia, para quem os problemas financeiros da PJ são “gravíssimos”.

O secretário-geral da ASFIC acredita que “a solução para a resolução dos problemas não passa pela mudança apenas na pessoa”. “Os problemas são graves e se o novo director não trouxer os mecanismos para os resolver vamos ficar na mesma situação”, sustenta.

A PJ enfrenta uma grave crise financeira devido a cortes orçamentais. A ASFIC culpabiliza o ministro da Justiça por esta situação.

Um dia depois de ter sido anunciado o nome do novo director nacional da PJ, Marques Mendes, acusou hoje, terça-feira, o Governo de ter lançado na Judiciária a instabilidade que levou à demissão do seu director e de dar “muitos sinais” de querer controlar a justiça portuguesa.

Na opinião do líder do PSD, o Governo “tentou asfixiar financeiramente a PJ, o que é lamentável” e também fragilizá-la, ao tentar retirar-lhe as ligações com a Interpol e Europol.

O secretário-geral da ASFIC não entende a mudança de director como uma tentativa de controlo da PJ por parte do Governo. “Entendemos que a mudança tem a ver com a resolução dos problemas da PJ”, disse.

A demissão de Santos Cabral acontece poucos dias depois de a direcção nacional da PJ ter ameaçado demitir-se na sequência da possibilidade, entretanto afastada pelo Governo, daquela polícia de investigação criminal ficar sem o pelouro das Relações Internacionais (que inclui as ligações à Interpol e à Europol).

Questionado sobre a demissão de Santos Cabral, Carlos Garcia alega que “o cargo de director da PJ é um cargo da confiança política do ministro da Justiça e se existe uma quebra de confiança, como tem sido anunciado, o que ele [o ministro da Justiça] tem a fazer é demitir o director da PJ”.

Gina Macedo