Na sessão de hoje, terça-feira, do julgamento do “Caso Vanessa” foram ouvidas seis testemunhas arroladas no processo. A audiência ficou marcada pela contradição do testemunho de uma vizinha. Durante o seu testemunho Glória Baptista afirmou que dias antes da morte de Vanessa, ouviu “da galeria onde estende roupa” a menina a gritar: “Ó tio, ó tio! Não ponhas”.

Esta versão é diferente da do interrogatório na Polícia Juduciária nos dias que se seguiram à morte da criança em que a vizinha afirmou que a menina gritava: “Ó avó, ó avó”.

O procurador do Ministério Público, Jorge Gonçalves, apresentou um requerimento pelo facto de a testemunha ter eventualmente prestado declarações falsas no tribunal ou na PJ, tendo sido anuladas as suas declarações. A testemunha pode incorrer num processo-crime.

Também o depoimento de Artur Dias, o motorista de táxi, ficou marcado por algumas contradições uma vez que o taxista declarou já ter transportado Aurora não sabendo ao certo quando. Na noite seguinte à morte da menina, declarou ter transportado um casal do Infante ao bairro do Aleixo mas a descrição da mulher não correspondia ao perfil de Aurora. Em relação à hora a que ocorreu o transporte, o taxista referiu ter sido entre a meia-noite e a uma da manhã quando no interrogatório na Polícia Judiciária (PJ) referiu ter acontecido por volta das quatro da manhã.

Foi ainda ouvido Ricardo Tavares, técnico de uma farmácia nas Condominhas que declarou ter vendido uma embalagem de Betadine a Aurora Pinto mas assegurou que ela não descreveu para que tipo de queimaduras seria nem referiu a idade da pessoa queimada. Ricardo Tavares referiu ainda que Aurora era cliente esporádica da farmácia.

Testemunhou hoje também António Ribeiro, cunhado de Aurora, que estava presente na feira de Canidelo quando a avó simulou o desaparecimento de Vanessa. Foi quem reconheceu o corpo da menina porque Aurora estava “muito nervosa e até desmaiou”. António Ribeiro declarou que não desconfiou que o desaparecimento da menina fosse uma encenação e que nunca se apercebeu dos alegados maus-tratos a Vanessa.

Custódio Dias foi quem encontrou o corpo da menina na margem do rio Douro e declarou que da forma como o corpo se encontrava a menina “tinha que ser atirada” ao rio e não colocada na margem como tinha referido a avó da menina no seu depoimento.

Testemunhou também outra vizinha que declarou que conhecia bem Vanessa e que nunca se tinha apercebido dos maus-tratos.

A próxima sessão de audiência está marcada para a manhã do dia 27 de Abril, no Tribunal São João Novo, no Porto, altura em que deverão ser ouvidas as seis testemunhas que faltam.

Paula Coutinho