Foram ouvidas hoje, quinta-feira, as últimas testemunhas do caso Vanessa, menina encontrada morta no rio Douro em Maio do ano passado. A sessão decorreu durante a manhã no Tribunal São João Novo.

A sentença deverá ser marcada para breve e os arguidos arriscam-se a ser condenados a 25 anos de prisão. Tanto Aurora, a avó de Vanessa, como Paulo, pai da criança, são acusados de homicídio qualificado, maus tratos e ocultação de cadáver. Sandra, tia da menina, é acusada de omissão de auxílio e ocultação de cadáver.

Nesta audiência destacou-se o testemunho da irmã de Filipe, companheiro de Sandra, tia da menina e co-arguida do processo. Andreia Nogueira testemunhou sem grande segurança no que dizia, uma vez que, facilmente se repetia e contradizia quanto ao relato de pequenos pormenores. A jovem, de 16 anos, disse que se recordava de Vanessa mas que a “conheceu mal” e que pelo que pode assistir “a menina gostava da Sandra, tinham uma relação normal”.

Apesar dos lapsos de memória, Andreia afirmou, com certeza, que na noite em que a Vanessa morreu, a Sandra dormiu com o namorado, Filipe, na casa da família deste, a mesma habitação onde Andreia vive. Esta declaração isenta Sandra da acusação de ocultação de cadáver, uma vez que a remete para a casa do namorado e não para a casa da mãe, Aurora, como os outros dois arguidos afirmaram nos seus depoimentos. A irmã de Filipe assegurou que chegou a casa por volta das duas da manhã e viu a cunhada amamentar a filha no quarto do irmão que dormia a seu lado.

Tanto o Ministério Público (MP) como os advogados de defesa dispensaram algumas testemunhas. Pelo MP apenas foi chamado um técnico de farmácia, Paulo Queirós, que embora conhecesse a avó da menina, Aurora, não se lembrava de a ter visto na farmácia na semana que antecedeu a morte de Vanessa.

Pela defesa foram chamadas testemunhas abonatórias e interrogadas sobre o carácter dos arguidos. As amigas e vizinhas de Aurora disseram que ela era “uma boa mãe” e “fazia tudo pelos filhos” e nenhuma delas tinha conhecimento que Aurora maltratasse os filhos ou a neta.

A defesa do pai da criança, Paulo, chamou duas reclusas do estabelecimento prisional de Santa Cruz do Bispo. Ambas conheciam Paulo da rua (“do tempo em que consumíamos todos juntos no Aleixo”), tendo perdido o contacto com ele em 2004, altura em que foram detidas. Uma delas afirmou que ele raramente ia a casa, “só quando o chamavam para comer ou fazer a higiene” e que “era carinhoso quando falava dos filhos”.

Resta a audiência, de dia 23 de Maio, às 9h30, dedicada às alegações finais, na qual também será ouvido um perito, o director da unidade de queimados do hospital de São João, José Amarante.

Paula Teixeira