A cidade do Porto assinala hoje, terça-feira, o Dia Mundial da Asma com uma campanha de sensibilização e de prevenção da doença. A iniciativa visa estimular doentes, desde os 12 anos de idade com asma já detectada, a fazerem um teste de avaliação do controlo da asma. Hoje, no Campus São João, os doentes asmáticos puderam avaliar, gratuitamente, o estado de controlo da sua doença.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 100 a 150 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de asma. Calcula-se que o número de mortes seja de 180 mil por ano. Em Portugal cerca de um milhão de pessoas padece de asma e 6% dos europeus é vítima desta doença.

A asma é uma doença inflamatória crónica das vias aéreas que se caracteriza por problemas recorrentes de respiração. Segundo os especialistas, o controlo “é essencial” e contribui para uma vida produtiva, física e psiquicamente activa, sem crises graves e com necessidade de pouca medicação de alívio.

“O objectivo da campanha de hoje é mostrar aos doentes que podem ter melhor qualidade de vida se apostarem no controlo da doença. Não estamos a fazer um rastreio, estamos a tentar sensibilizar as pessoas que já têm a doença, fazê-las compreender que o controlo, a medicação apropriada e o acompanhamento médico lhe podem facilitar muito a vida”, vincou a presidente da Associação Portuguesa de Asmáticos (APA), Marinela Vaz.

Alguns dos principais factores responsáveis pelo desencadeamento da doença ou pelo agravamento do estado de saúde dos asmáticos são a exposição a ácaros, pó de casa, fungos e ao fumo do tabaco. Estes factores podem causar sintomas ou mesmo ataques de asma graves.

A presidente da APA explica que “prevenir o agravamento dos sintomas de asma, identificando e evitando os factores aos quais cada paciente reage, é outra das mais-valias da elaboração do teste disponibilizado na campanha de hoje”.

O teste é constituído por cinco perguntas que avaliam de que modo a asma tem afectado os hábitos diários dos doentes e adianta um diagnóstico quanto ao controlo que cada asmático faz da sua doença, aconselhando, em casos graves de falta de acompanhamento, uma ida urgente ao médico ou o uso de medicação adequada.

“Asmáticos são discriminados negativamente”

Para o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), Segorbe Luís, “a asma é uma doença que pode causar pesados malefícios a nível pessoal, familiar e social se não for devidamente acompanhada, antecipadamente diagnosticada e adequadamente medicada”.

Em relação à medicação, Segorbe Luís diz que os doentes asmáticos sofrem de uma “discriminação negativa” pois as taxas de comparticipação dos medicamentos são mais baixas para doentes com asma do que doentes diabéticos ou depressivos, por exemplo.

“Os doentes com asma têm um grau de comparticipação que está estabelecido para os medicamentos do seu escalão, mas não têm nenhuma comparticipação adicional para o material médico adicional que têm de usar todos os dias, nem mesmo os doentes mais graves”, alerta o presidente da SPP.

Segorbe Luís acrescenta que “muitos asmáticos graves deixam de controlar a doença porque não têm dinheiro para os medicamentos e para os materiais médicos adicionais. Muitas vezes disfarçam os sintomas e a gravidade da doença e não cumprem a terapêutica porque não têm meios económicos”, disse.

Texto e foto: Paula Teixeira