Mais de 100 obras do património da Cooperativa Árvore, no Porto, vão hoje, terça-feira, a leilão. A iniciativa visa corrigir a situação financeira da instituição que se foi agravando ao longo dos anos, para fazer face aos compromissos que a Cooperativa tem com artistas e fornecedores.

Começou por ser 75 o número de trabalhos plásticos a serem leiloados, mas, uma semana depois, o número subiu para mais de cem.

Segundo o vice-presidente da direcção da Árvore, Amândio Secca, depois 43 anos de existência, esta instituição, dedicada à divulgação das artes plásticas sem fins lucrativos, tem sofrido com “alguma confusão”. “A Árvore não é propriamente uma galeria, é uma instituição cultural com fortes raízes no Porto e no Norte do país, que tem desenvolvido ao longo dos anos uma actividade que vai muito além da venda de quadros”, diz o vice-presidente ao JPN.

A Cooperativa lamenta ainda a falta de apoio por parte do Ministério da Cultura. “Quando desenvolvemos acções culturais cujo retorno de investimento não é de todo possível e que são um bem para a cidade e para o país, deveríamos ser apoiados quer pelo ministério, quer pela própria autarquia”.

Amândio Secca alimenta ainda a esperança de que a Câmara do Porto ceda os espaços contíguos à Árvore para expandir as oficinas da cooperativa, uma questão pendente entre a autarquia e a instituição desde há três anos. “Estamos completamente espartilhados e não temos espaços para as próprias oficinas de cerâmica, de serigrafia, de gravura e fotografia, onde trabalham cerca de 30 pessoas”, diz o vice-presidente, “e não temos capacidade de desenvolvimento”.

O leilão das mais de 100 obras da instituição decorre esta noite, por volta das 21h30 na Cooperativa Árvore. “Temos esperanças de que corra bastante bem”, adiantou o responsável. A cooperativa espera conseguir um valor significativo que permita continuar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela instituição.

Inês Castanheira
Foto: DR