“H5N1 – O que precisamos de saber” foi o mote do debate que reuniu esta tarde, quinta-feira, Francisco George (na foto), director-geral da Saúde, Miguel Fevereiro, do Laboratório Nacional de Investigação Veterinária, e Maria de São José Nascimento, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (UP) para uma sessão de esclarecimento sobre os perigos reais do H5N1, o vírus da gripe das aves.
O director-geral da Saúde desdramatizou o assunto, explicando que “o salto [do vírus] entre espécies é difícil. Ainda não existe um vírus que se transmita entre pessoas. O H5N1 é contagioso entre aves, mas não entre pessoas”. Francisco George deixou ainda um aviso à comunicação social: “há meses atrás foi difícil, mas espero que agora os jornalistas tenham percebido” que esta não é uma questão para alarmismos.
Maria de São José Nascimento, responsável pelo Serviço de Microbiologia da Faculdade de Farmácia da UP, deu uma perspectiva mais alarmista da questão. A especialista começou por explicar que o Tamiflu, anti-viral mais eficaz no combate à gripe das aves, pode reduzir a severidade da infecção, mas não a evita.
“Este vírus tem evoluído com mais virulência desde 2003, primeiro para as aves e agora para mamíferos como os felinos”, alertou a especialista. “Só falta ao vírus capacidade de infectar pessoas em cadeia”. O que será preocupante, já que “a nossa vulnerabilidade ao H5N1 é enorme. A cada caso humano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) treme, porque pode haver uma pandemia”.
Mas a verdade é que tanto Francisco George como a responsável pelo Serviço de Microbiologia são unânimes na apresentação dos factos: ainda não há mutação do vírus que possibilite a sua transmissão de pessoa para pessoa e o grau de alerta da OMS ainda não aumentou.
“OMS não deve elevar nível de alerta”
À margem do debate, o director-geral da Saúde comentou o mais recente caso de mortes humanas devido ao H5N1. Seis dos sete membros de uma família indonésia morreram infectados com o vírus da gripe das aves, naquele que é o maior agregado de pessoas que podem ter sido infectadas em cadeia conhecido até hoje.
Para Francisco George, “não se trata de uma infecção transmitida em cadeia. Tudo indica tratar-se da exposição de membros de uma família a um doente, ou seja, uma exposição comum a uma mesma fonte de infecção e não uma pessoa que transmite a outra”. Por isso, “não há razões para a elevação do nível de alerta da OMS”, sustentou.