A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) e Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP) prometem uma concentração nacional junto da Câmara do Porto na próxima quarta-feira. Trata-se da reacção da ANBP à alteração do regime laboral dos Bombeiros Sapadores do Porto, aprovada ontem pela autarquia.

O protocolo reorganiza os horários dos sapadores, aumentando para cinco o número de turnos e diminuindo o número de efectivos de 40 para 24. O objectivo da câmara é reduzir o pagamento de horas extraordinárias, o que permitirá poupar 500 mil euros nas contas da autarquia.

A prestação de serviços complementares, como aberturas de portas, pequenas inundações ou salvamento de animais, é entregue aos bombeiros Voluntários do Porto e Voluntários Portuenses.

Em conferência de imprensa, realizada hoje, no Porto, Fernando Curto, dirigente da ANBP/SNBP, criticou a “política economicista” da autarquia e apresentou números que contrariam os apresentados pelo vereador das Actividades Económicas e Protecção Civil, Sampaio Pimentel. “Nos últimos três anos, a câmara meteu nos cofres três milhões de euros porque não entraram novos efectivos. Faltam 116 bombeiros”, disse.

Fernando Curto disse ter entregue, ontem, uma proposta à Câmara, onde a associação sugere quatro turnos e 40 bombeiros em serviço permanente. Nas contas do líder da ANBP/SNBP, a proposta permitiria poupar 500 mil euros, o mesmo que a autarquia quer economizar na redução das horas extraordinárias”.

ANBP acusa autarquia portuense de “má fé”

“O vereador [Sampaio Pimentel] não agiu de boa fé e não tivemos a possibilidade de discutir a nossa proposta”, acusou Fernando Curto. Segundo o dirigente, estaria marcada uma reunião para 7 de Junho entre Sampaio Pimentel e a ANBP/SNBP para discussão do horário laboral, que não chegará a acontecer porque a autarquia se antecipou a aprovar as mudanças.

Na conferência, a ANBP/SNBP enumerou casos da inoperância dos Bombeiros Voluntários e criticou a actuação do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS). “Já chegámos a contentores e pequenos fogos, onde arderam quase 20 automóveis. Não podemos jogar com a incerteza. A segurança não tem preço”, disse.

Relativamente ao CDOS, a associação culpa o organismo pelos atrasos nas operações de socorro. “Há uma desorganização total na recepção das chamadas. O cidadão liga para o 112, a chamada é encaminhada para o CDOS, que faz a chamada para o Batalhão do Porto. É inadmissível”, criticou Fernando Curto.

Texto e foto: Carina Branco