A “Noelle” pode ter os dias contados no Centro de Simulação Biomédica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (CSB-FMUP). Willem van Meurs, do Instituto de Engenharia Biomédica (INEB), e Diogo Avres-de-Campos, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e INEB, estão a desenvolver um novo simulador de partos com maior fidelidade do que os já existentes no CSB-FMUP.

O novo simulador, que pode vir a chamar-se “Maria Teresa”, permitirá “treinar enfermeiras e obstetras profissionais ou parteiras”, enquanto a “Noelle” (na foto) é apenas utilizada com alunos de Medicina e Enfermagem, diz ao JPN Willem van Meurs. O investigador adianta que se trata da tecnologia mais avançada no domínio das simulações em obstetrícia, uma área com “10 anos de atraso” face a outros tipos de simulação médica pela sua complexidade.

Van Meurs explica que o protótipo, ainda em fase “conceptual”, dirige-se a um “público mais exigente” porque simula situações críticas que os modelos actuais não conseguem recriar, tais como contracções excessivas, hipotensão da mãe ou compressão do cordão umbilical.

Tal como os modelos já existentes, o simulador consiste num manequim com um boneco-bebé na barriga. Mas no novo modelo o “bebé estará vivo”, reagindo aos sinais vitais da mãe, através de programas informáticos que simulam muitas das reacções que a mãe e o feto podem ter numa situação real. No limite, o boneco-bebé pode “morrer”, explica.

Este equipamento, que vai ser utilizado em breve pelos estudantes da FMUP, permite “salvar vidas”, diz o investigador. Não há números para Portugal, mas estima-se que em Inglaterra haja cerca de três mil mortes fetais por ano, das quais metade se deve a erro médico da equipa que realiza o parto.

À procura de parceiros industriais

O protótipo será apresentado a quatro empresas estrangeiras, numa demonstração à porta fechada, durante o “12th Annual Meeting of the Society Europe for Simulation Applied for Medicine”, que decorre entre 29 de Junho e 1 de Julho, no Porto. A demonstração pretende encontrar “parceiros industriais para o desenvolvimento e comercialização do projecto”, explica Van Meurs.

O investigador acredita que dentro de um ano e meio a dois anos estará desenvolvido um protótipo industrial, que custará cerca de 200 mil euros. As faculdades e hospitais estrangeiros são os potenciais compradores dado que em Portugal este tipo de simulações só é feito no Centro de Simulação Biomédica da FMUP.

Pedro Rios
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Foto: DR