Comemoram-se 250 anos sobre a criação da Região Demarcada do Douro. Foi em 1756 que Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, instituiu a mais antiga região demarcada de vinhos do mundo. 250 anos depois é tempo de comemorar mas também de reflectir sobre a região e as ameaças.

De 31 de Agosto a 14 de Dezembro, mais de uma centena de instituições do Douro organizam actividades em torno do vinho e da paisagem e história durienses. Concertos, cortejos históricos, exposições, conferências, peças de teatro, ciclos de cinema e cerca de duas dezenas de edições (em livro ou suportes digitais) fazem parte do vasto programa de comemorações.

Para além das acções locais, haverá actividades em Lisboa, Londres e Bruxelas para projectar um território considerado Património Mundial em 2001 pela UNESCO.

Será um “período de celebração mas também de actualização” do conceito de Região Demarcada, que é hoje “posto em causa”, afirmou hoje, quarta-feira, o presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), Jorge Monteiro, na apresentação do programa.

O conceito criado pelo Marquês de Pombal foi “inovador e precoce no bom sentido” mas hoje “os tempos são complicados”, reconheceu Jorge Monteiro, na conferência de imprensa que decorreu no Solar do Vinho do Porto, no Porto. Por isso, é necessário actualizar a noção de Região Demarcada e comunicá-la aos novos consumidores de vinhos (de países como a Finlândia ou o Japão). O “consumo tem decrescido nos países mediterrânicos”, incluindo Portugal, mas tem “despertado” noutros onde “não é importante saber a origem do vinho” e toda a história e cultura que eles representam.

Mais optimista, Francisco Olazabal, chanceler da Confraria do Vinho do Porto, considera que o “novo consumidor não faz do vinho apenas um prazer sensorial mas quer saber sobre ele”. A ameaça pode tornar-se assim uma oportunidade, disse.

A reflexão sobre estes temas será feita em várias conferências e debates. Para o presidente do IVDP, é importante discutir “em que medida o conceito de Região Demarcada traz vantagens ou pode ser um espartilho para competir” nos novos mercados do vinho. Será feito um “olhar nostálgico mas com esperanças no futuro” do qual pode nascer um “novo espírito” em torno do Douro, acrescentou Francisco Olazabal.

A Câmara do Porto não se quis associar às comemorações, afirmando que “tem um programa paralelo”, referiu um membro da comissão organizadora, que não quis, contudo, comentar esta opção.

Pedro Rios
prr @ icicom.up.pt
Foto: Museu do Douro