O 14º Curtas Vila do Conde – Festival Internacional de Cinema começa a 8 de Julho e prolonga-se até 16. A edição deste ano aposta no cinema asiático, trazendo a Vila do Conde um dos mais importantes realizadores do novo cinema de Taiwan, Hou Hsiao Hsien, e Apichatpong Weerasethakul, uma das revelações actuais do cinema tailandês.

Os filmes de Hou Hsiao Hsien estarão em retrospectiva, dado tratar-se de “um dos grandes autores do cinema actual”, justificou Dario Oliveira, da direcção do festival, na apresentação, hoje, no Porto. Em exibição estará “Millenium Mambo”, um retrato ficcionado da vida citadina de Taipé nos dias de hoje, considerado por Dario Oliveira como “um dos melhores filmes da história do cinema”.

Outro do filmes de Hou Hsiao Hsien a ver é “Flowers of Shangai”, esboçado num bordel da China do início do século XX. E, como estamos num festival de curtas, “Three Times” (na foto) completa o ciclo. São três filmes em um, três curtas-metragens, três histórias de amor, três tempos diferentes. O realizador chinês, que já recebeu a Palma de Ouro, em Cannes, e o Leão de Prata, em Veneza, dará uma “masterclass” sobre o seu trabalho.

O realizador tailandês, Apichatpong Weerasethakul, com uma cinematografia de transgressão, sensualidade e experimentalismo, traz “Blissfully Yours”, já distinguido em Cannes. Weerasethakul apresenta também uma exposição vídeo, “Waterfall”, encomenda exclusiva deste festival, e falará com os fãs numa “masterclass”.

Novas secções viradas para o cruzamento de linguagens

O festival reparte-se em três pilares de programação: competições, retrospectivas e “Work in Progress”. Serão apresentadas curtas nacionais e internacionais de ficção, animação, documentário e experimentais, escolhidos entre mais de 2.300 candidatos de 18 países. Destaque para o regresso de autores já conhecidos do festival, como o sueco Jens Jonsson, o belga Nicolas Provost e os alemães Cristoph Girardet e Mathias Müller.

Na competição nacional, estão 11 filmes a concurso, resultado de uma selecção de um universo de 300. No ecrã poderá ver-se uma das curtas seleccionada para a Quinzena dos Realizadores do último Festival de Cannes, “Rapace” de João Nicolau, ao lado de realizadores que já passaram em Vila do Conde, como Edgar Pêra, Miguel Gomes ou Teresa Garcia. Uma mostra que reflecte “um ano de excelente colheita no cinema português”, rematou Dario Oliveira.

O “Work In Progress” é a rubrica dedicada a uma mostra de longas metragens em primeira apresentação nacional e internacional. A secção cruza o cinema com outras linguagens e registos associados à imagem em movimento e ao som.

O “Curtas Vila do Conde” volta a receber este ano filmes produzidos exclusivamente nas escolas nacionais, com algumas novidades. Uma maratona de 48 horas de realização de curtas – “Video Run Restart”- e as “Curtas de Bolso”, uma competição de filmes feitos a partir de telemóveis.

O festival tem outra novidade, a secção “Remixed”. Além das curtas seleccionadas para o espaço Solar, com destaque para o experimentalismo austríaco de Peter Tscherkassky, há lugar para filmes-concerto. Aos Dead Combo, Carlos Bica, Bulllet e Ana Era Lógica foram pedidas bandas sonoras originais para acompanhar a exibição de várias curtas da primeira década do século XX.

Este ano, pela primeira vez, o metro chega ao festival. E para assinalar o facto, a Metro do Porto encomendou um filme ao “Curtas Vila do Conde”, que será realizado por Tiago Guedes, com argumento de Jorge Coelho.

Carina Branco