“Cha” ou “te” para os chineses, transformado em “thee” para holandeses e em “tea” para os ingleses. Estes são alguns dos nomes pelos quais o produto se deu a conhecer e se generalizou, um pouco por todo o mundo. Para nós, portugueses, ficou conhecido como “chá”, derivando do cantonês “ch’a”, oriundo das trocas comerciais em Macau.

Conta a lenda que a origem do chá remonta a 2737 a.C., quando o imperador Sheng Nun, sentado a descansar debaixo de uma árvore selvagem de chá, pediu que lhe fervessem água para tomar. Com a aragem, caíram na sua água fervida algumas das folhas dessa árvore, e ao provar, o imperador achou a infusão deliciosa.

Certo é que o consumo de chá, que começou na China, se propagou para o Japão através dos monges budistas e, mais tarde, para a Europa por intermédio dos mercadores holandeses e portugueses. À posteriori, popularizou-se países como a Inglaterra, que possui umas das maiores tradições de chá do mundo ocidental. Actualmente, é a segunda bebida mais consumida a nível mundial, logo depois da água.

Chá regressa ao seu carácter de culto

Beber uma chávena de chá começa por ser um acto de prazer, mas pode trazer consigo outras potencialidades. Nos dias que correm o chá volta a adquirir um carácter de culto, reunindo um conjunto de apreciadores, pelas mais diversas razões. O chá alia em si o exótico, o terapêutico e sobretudo, o natural.

“A planta do chá, designada cientificamente de ‘Camellia sinensis’, é perfeitamente orgânica, é um chá biológico, sem qualquer contrapartida ambiental”, afirma o presidente da Casa dos Açores do Porto, José Manuel Rebelo. Este carácter natural da bebida é um dos seus maiores atractivos, numa sociedade que cada vez mais se debate com os dilemas da alimentação saudável e do cultivo biológico.

Outros desenvolvem um interesse pela bebida que vai muito para além da sua composição, aliando o sabor à descoberta da origem, das lendas e dos rituais. É o caso de Miguel Ortigão, da Rota do Chá, no Porto, que transformou um prazer num negócio: “há muitos anos que gosto de chá e me preocupo em ler e pesquisar”. O empresário criou um espaço onde põe à disposição do público, uma grande variedade de chás com um ambiente místico.

Seja por uma questão de moda, ou pelas inúmeras variedades que oferece, o chá pode transformar-se num dos produtos do futuro. Actualmente é encarado de uma maneira bastante diferente e há muito que deixou de ser apenas o remédio para uma dor de barriga ou indisposição. Os seus adeptos multiplicam-se ao sabor da sua diversidade e da crescente divulgação que tem conhecido.

Texto e fotos: Sónia Santos