Os trabalhadores dos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento (SMAS) do Porto estão “indignados” com o comunicado de imprensa emitido pela autarquia portuense sobre as eventuais fraudes no sistema de comparticipações da ADSE cometidas pelos funcionários deste serviço municipal.

Cerca de 200 trabalhadores dos SMAS reuniram-se hoje, sexta-feira, em plenário. João Avelino, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), disse ao JPN que os funcionários estão “indignados” com as “declarações de Rui Rio, que tornou pública uma investigação [a cargo da Polícia Judiciária] que está em segredo de justiça”.

Para João Avelino, “esta foi uma forma que Rui Rio encontrou para denegrir a imagem dos trabalhadores dos SMAS e conquistar a opinião pública”. “O mediatismo da questão com os funcionários do lixo fez com que o presidente da câmara percebesse a importância da opinião pública e como ela influencia na tomada de decisão. Rui Rio quer usar a mesma táctica em seu favor”.

O sindicalista estranha o facto deste comunicado, divulgado anteontem, surgir dois dias depois da aprovação, em Assembleia Municipal, da transformação dos SMAS em empresa municipal, “o que vai fazer com os trabalhadores percam algumas regalias”.

José Abraão, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), conta ao JPN que era suposto que “a passagem dos SMAS a empresa municipalizada não alterasse os direitos dos trabalhadores, mas no protocolo assinado pela câmara não está o financiamento à Casa dos Trabalhadores (cerca de 300 mil euros), fundamental para a qualidade dos serviços de saúde”.

Em Novembro do ano passado, foi entregue à câmara uma proposta de protocolo assinada por 423 funcionários dos SMAS, mas “o executivo camarário ainda não se dispôs a dialogar com os sindicatos”, lamenta José Abraão.

O sindicalista anuncia que os funcionários do SMAS “vão aderir em força” à greve da função pública de 6 de Julho. Abraão revela ainda que “está marcada uma concentração em frente às instalações dos SMAS, para que a câmara veja que não pode denegrir assim o conjunto dos trabalhadores”.

No comunicado da câmara, intitulado “SMAS: Primeiros resultados do combate à fraude e à corrupção”, é dito que já foram constituídos um “elevado número de arguidos” no que respeita a alegadas comparticipações fraudulentas da ADSE. O JPN tentou falar com a CMP, mas até agora não obteve nenhuma reacção.

Catarina Abreu
Foto: Carina Branco/Arquivo JPN