Inspirada no tango, a hipnótica miscelânea de ritmos electrónicos dos Gotan Project seduziu o público que encheu, sexta-feira à noite, o Coliseu do Porto.
O vermelho foi a cor dominante num espectáculo em que os sons de violinos e de um acordeão despertaram os nossos sentidos para a paixão do tango. Esperava-se pelo convite: “a menina dança?”.
“Lunatico” parece ter conquistado o ouvido dos portugueses. Depois de “La Revancha del Tango”, o trio franco-suiço-argentino provou que a “vingança” é um prato que não se serve frio mas, sim, perante o calor de uma audiência entusiasta.
Philippe Cohen-Solal, Christoph H. Mueller e Eduardo Makaroff, com o seu mais recente trabalho, regressaram às raízes do tango argentino autêntico, com sonoridades mais cruas. “Lunatico” é com certeza um álbum mais “purista” que os anteriores.
Para além de apresentarem as sonoridades que compõem o seu novo trabalho, como “Diferente” e “Lunatico” – tema que dá nome ao álbum –, os Gotan Project não quiseram deixar de passear pelo seu reportório recordando vários temas bem conhecidos dos fãs, entre os quais “Una Musica Brutal”.
“El Norte” foi o tema inédito com que os Gotan Project brindaram a plateia claramente contagiada pela sedução do tango nas “malhas” da electrónica.
O público gostou e pediu mais. A banda que tem tango no nome ao contrário regressou ao palco com as sonoridades dub dos êxitos “Santa Maria” e “Triptico”.
Os inventores do “cibertango” garantiram uma noite inesquecível com uma viagem pelas texturas do tango argentino. E quem pensava que o tango era música do passado, desengane-se. Esta dança argentina carregada de sensualidade parece que veio para ficar – é a “vingança do tango”.