“Os testes escolares acabam por avaliar aquilo que os alunos foram capazes de memorizar para as provas e não o que, na verdade, conseguiram aprender”. A conclusão é do Instituto da Inteligência, uma entidade privada de investigação científica em Neurociências e prestação de serviços nas áreas da Neuropsicologia Cognitiva, Psicologia e Estudos Sociais.

Na sequência de vários estudos sobre o insucesso escolar, realizados entre Maio de 2004 e Maio de 2006, no Porto, o instituto conclui que “os métodos de ensino continuam muito orientados pela transmissão passiva de conhecimentos”. Dos 400 alunos interrogados, com idades entre os 8 e os 14 anos, mais de 70% garante “não ter tempo para raciocinar sobre as novas aprendizagens preferindo apostar na memorização”.

89% dos alunos com dificuldades de aprendizagem sentem-se “completamente perdidos” relativamente à forma como estudar. Por sua vez, numa amostra de 250 professores, 82% afirmam “não terem tempo” ou “não estarem preparados” para ensinar métodos de estudo aos alunos.

Segundo o instituto, 84% dos alunos tem dificuldade em seguir os raciocínios e os métodos de ensino dos professores. Porém, 77% destes estudantes apresentaram níveis normais de capacidade de aprendizagem, quando submetidos a provas de avaliação neuropsicológica e de desempenho cognitivo.

Um outro inquérito elaborado junto de 300 pais e 200 professores mostra que
76% considera os programas “obsoletos e desajustados da realidade”. Os entrevistados criticam a “dispersão de matérias, levando a que cada professor actue totalmente alheio ao que se passa com as outras disciplinas”.

A pesquisa do Instituto da Inteligência incidiu sobre 400 alunos, com idades correspondentes aos três ciclos do ensino obrigatório (8 aos 14 anos). As crianças foram interrogadas no âmbito de consultas clínicas sobre problemas de insucesso escolar e dificuldades de aprendizagem.

Carina Branco
Foto: SXC