O Teerão está disposto a iniciar hoje, quarta-feira, “negociações consequentes” com a ONU, anunciou ontem o principal responsável iraniano para as questões nucleares, Ali Larijani, num encontro com os embaixadores da China, França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e Suíça (representante dos EUA).

A resolução da ONU, aprovada a 31 de Julho, apontou ao Irão o final deste mês para uma resposta sobre a suspensão do enriquecimento de urânio, mas os responsáveis iranianos fixaram a data de ontem para o fazer. Larijani propôs uma “nova fórmula” para resolver a crise sobre o programa nuclear iraniano, sem revelar se vai cumprir as exigências das Nações Unidas.

O presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, num debate emitido pela televisão iraniana, acusou o Conselho de Segurança da ONU de ser “movido por interesses próprios”. Também o líder espiritual do país, Ayatollah Ali Khamenei, criticou a actuação dos EUA, que prometem avançar com sanções económicas se o Irão não suspender o enriquecimento de urânio.

Enquanto Larijani entregava a resposta aos embaixadores das seis potências, os líderes iranianos proibiam a entrada dos inspectores da Agência Internacional de Energia Atómica na central de Natanz.

Usado nos reactores nucleares para produzir energia, o urânio enriquecido, em percentagens muito elevadas, pode ser canalizado para o fabrico de bombas, suspeita que está na origem da crise do programa nuclear uraniano.

Resposta iraniana vai ser analisada pela ONU

O alto representante da UE para a política externa, Javier Solana, já anunciou que vai analisar a resposta do Irão. Por sua vez, o embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, adiantou que se o Teerão não cumprir as exigências, o Conselho de Segurança avança com sanções económicas e pode considerar a hipótese militar. Uma situação que teria de enfrentar, primeiro, o direito de veto da China e da Rússia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, que está no Cairo no âmbito de uma visita ao Médio Oriente, acredita que “há ainda margem de manobra, do ponto de vista político e diplomático, para resolver o conflito sobre o programa nuclear iraniano, através de negociações”.

Carina Branco c/ agências
Foto: SXC